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O Sábio relojoeiro

Todos nós temos conhecimento de que, antigamente, os relógios eram, na maioria, mecânicos, à corda, e também – o mais antigo de todos, de sol. Isso bem diferente dos nossos dias, quando a era do digital tomou conta de tudo, superando todas nossas expectativas.
Mas, em uma pequena cidade do interior, certo relojoeiro tinha o talento de consertar aqueles relógios de parede mais conhecidos como cuco. Eu, pessoalmente, nunca vi nenhum, a não ser pelas fotos ou televisão. Aquele homem quase não tinha trabalho, mas lhe foi um grande desafio quando chegou alguém que tinha um relógio, que, por anos, havia sido jogado em um porão e ficado esquecido pelo tempo, para que ele o consertasse. O desafio estava em sua frente. Foram dias e noites perante montões de peças e engrenagens espalhadas em sua mesa. Ele lubrificou, trocou umas peças, desempenou outras. Algumas que faltavam, ele, com jeitinho, em sua sucata, sempre encontrava algo idêntico. Jogou outras fora, pois não serviam para o relógio. Mas, para sua surpresa, depois de montá-lo e colocá-lo para funcionar, ele atrasava demasiadamente, não só um minuto, mas muitos. Falou consigo: "Não desistirei". Desmontou-o e o montou novamente, mas nada de funcionar. Foram três as tentativas e nada. Na última, o relojoeiro observou que esquecera uma pequenina engrenagem em cima da sua mesa e, por fim, o montou novamente. "Que maravilha!", exclamou ele, pois agora já ouvia, orgulhoso, o tic-tac de mais uma obra recuperada. Mas sua alegria durou apenas uma hora. Justamente uma hora para descobrir que o relógio agora adiantava. Desmontou-o outra vez e ficou observando todas as peças e engrenagens a funcionar. "Ufa, até que fim! Como posso ser tão distraído assim!", exclamou. Entre uma montagem e outra caíra a menor das engrenagens por trás da sua mesa. Após encontrá-la, foi grande sua alegria, pois montou o relógio em definitivo. Estava completa a sua obra, pois agora ele não atrasava nem adiantava. O homem estava radiante. O cuco, a cada hora, saía da casinha para anunciar, com exatidão, a hora.
Por menor e mais desprezível que parecesse ser aquela peça, ela fazia a diferença no resultado do funcionamento do relógio. Jamais o cuco poderia falar para o badalo: "Não preciso de você". Ou a maior engrenagem não poderia falar à menor: "Dou conta do recado. Não preciso de você." O que tiramos de interessante nesta ilustração? A Bíblia nos ensina que, como membros do mesmo corpo, precisamos uns dos outros (leia I Coríntios 12:12-27).
Somos como aquelas engrenagens: dependemos uns dos outros, não é mesmo? Se um de nós funcionar mal, como corpo de Cristo, os demais sofrem. De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam (I Coríntios 12:26). Mesmo aqueles que às vezes desprezamos por achar que não são interessantes na obra de Deus, eles fazem falta. Mas podemos ficar tranqüilos, pois existe Um que está sobre todos os relojoeiros e que cuida de nós. Ele não fica chateado quando precisa fazer o conserto. Não há peça que Ele não conserte. Às vezes Ele faz ajustes que não entendemos, mas Ele sabe o que faz. E o Seu desejo é que Seu corpo (a Igreja) siga em frente, sem defeito nem atraso. Às vezes algumas peças se enferrujam. Ele põe óleo sobre elas; outras precisam ser desentortadas, pois os apertos dos trabalhos as deixam amassadas e sem direção. Ele chega, conserta-as, e elas voltam ao normal.
Outras peças precisam até ser trocadas, mas no seu devido tempo. Ele as retira. A Sua longanimidade é para sempre e sua misericórdia é eterna. Outras se rebelam, saem da engrenagem, caem de cima da mesa, perdem-se, mas Ele as busca, pois Seu amor dura para sempre. Qual o Pastor que, tendo noventa e nove ovelhas, não sai em busca da que se perdeu? (Lucas 15:4).
Se todos, porém, fossem um só membro, onde estaria o corpo? (I Coríntios 12:19).
Por menor que seja sua tarefa na Igreja, saiba que você é uma peça importante no serviço do Reino de Deus.

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