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Israel para por 24 horas para celebrar o Yom Kippur

Israel se paralisará durante 24 horas a partir do entardecer desta sexta-feira, por ocasião da celebração do Yom Kippur (Dia do Perdão), a data mais sagrada do calendário hebreu e na qual os mais fervorosos jejuam e oram em introspecção durante longas horas.
"Para mim, o Yom Kippur é o dia mais importante do ano, um dia de amor no qual me sinto mais conectada com Deus, e para o qual me preparo meses antes", disse à Agência Efe Dalia Gross, uma professora de 30 anos de Jerusalém.
"É um dia de silêncio no qual pode olhar dentro de si mesmo e ver o que é realmente importante na vida", acrescentou.
O Yom Kippur segue os "Dez Dias de Arrependimento", que começam com a celebração do Ano Novo judaico (Rosh Hashaná) e é o mais solene para os judeus.
Ao anoitecer de sexta-feira e até que se vejam as três primeiras estrelas na noite do sábado, Israel se fechará e o silêncio se imporá nas ruas de quase todo o país.
A tradição judia assinala esta data como o dia do julgamento divino, no qual Deus sela o "livro da vida".
Por esta razão, nos últimos dias os judeus trocam saudações e felicitações que incluem a bênção de "Guemar Chatimá tová", ou seja, que "Que sejas inscrito" no livro da vida.
As sinagogas concentrarão seus serviços em emocionantes orações de penitência e leituras especiais das escrituras sagradas, que serão finalizadas ao som do "shofar", instrumento de sopro bíblico elaborado com um chifre oco de carneiro.
Uma das preces mais solenes do dia é a de "Kol Nidré" (Todos os votos, em aramaico), na qual os judeus pedem que Deus anule todas as promessas descumpridas no último ano.
As orações e a liturgia deste dia estão estritamente ligadas à passagem dos judeus pela Espanha Medieval, e as duas principais - o "Kol Nidré" que abre a jornada e a "Neilá", que fecha - foram obra de autores sefarditas, judeus originários da Península Ibérica.
O Yom Kippur, décimo dia do mês de Tishrei, era, além disso, o único do ano no qual o Sumo Sacerdote entrava no sancta sanctorum do bíblico Templo de Jerusalém e pronunciava o nome do inefável - Yavé, deus dos hebreus - perante milhares de israelitas ajoelhados.
Para ajudar à introspecção e sublimação espiritual exigida nesse dia, todas as cadeias de televisão e de rádio suspendem suas transmissões, os jornais não circulam e o aeroporto é fechado.
A paralisação brusca afeta também a internet, onde a maioria dos sites de notícias deixa de ser atualizada durante 24 horas.
Também não estarão abertas as fronteiras, inclusive a maior parte dos acessos aos territórios palestinos ocupados da Cisjordânia e de Gaza, nos quais se poderá entrar e sair apenas em caso de emergência.
Os judeus praticantes não devem beber nem comer durante o Yom Kippur, não utilizar aparelhos elétricos, cozinhar, realizar nenhum esforço físico, usar calçados ou acessórios de couro, utilizar cosméticos, lavar-se, nem manter relações sexuais.
Laicos e tradicionalistas respeitam o silêncio do também denominado "Sábado dos Sábados" com uma paralisação comercial em todas as regiões judias de Israel, e os locais de lazer e centros de trabalho públicos e privados permanecem fechados.
Funcionam apenas os serviços de emergência e segurança, que costumam estar em alerta máximo, e as ruas se esvaziam de carros e ficam desertas, tornando-se o lugar perfeito para que os menos religiosos as desfrutem com uma liberdade sem limites.
Quase tão habitual como ir à sinagoga para os religiosos, é para os não praticantes tomar as vias públicas com bicicletas, skates ou a pé.
Nos dias prévios, é tradicional celebrar o ritual das expiações ou "Kaparot", nas quais aves são sacrificadas como símbolo da redenção do indivíduo.
Milhares de galos e galinhas foram degolados nesta semana em Israel como sinal de expiação individual e para lembrar aos crentes que, a qualquer momento, Deus pode tirar-lhes a vida como compensação por seus pecados.
"Eu sou vegetariano", respondeu com humor Yoel ao ser perguntado sobre este costume, que nos últimos anos encontra forte oposição dos grupos de defesa de animais. Yoel pertence a uma corrente messiânica que vê no Yom Kippur não um dia de juízos e castigos, mas de "fusão e regozijo com Deus".
"Tudo se detém ao nosso redor para meditarmos, mas o realizamos com regozijo e prazer, e sempre com a mente posta na união com Deus", finalizou, explicando as razões pelas quais não respeita o tradicional jejum, seguido por mais de 70% da população judaica de Israel segundo enquetes de anos anteriores.

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