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Deus não faz a menor questão de ter Seu nome inscrito em nossas cédulas

O Ministério Público Federal entrou com uma ação civil pública pedindo que as novas cédulas de real excluam a expressão "Deus seja louvado", que tem sido impressa desde 1986, muito antes do plano real, por ordem do então presidente José Sarney.

Segundo a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, a existência da frase nas notas fere os princípios de laicidade do Estado e de liberdade religiosa.

"A manutenção da expressão "Deus seja louvado' [...] configura uma predileção pelas religiões adoradoras de Deus como divindade suprema, fato que, sem dúvida, impede a coexistência em condições igualitárias de todas as religiões cultuadas em solo brasileiro", afirma trecho da ação, assinada pelo procurador Jefferson Aparecido Dias.

"Imaginemos a cédula de real com as seguintes expressões: 'Alá seja louvado', 'Buda seja louvado', 'Salve Oxossi', 'Salve Lord Ganesha', 'Deus não existe'. Com certeza haveria agitação na sociedade brasileira em razão do constrangimento sofrido pelos cidadãos crentes em Deus", segue o texto.

O Banco Central, consultado pela Procuradoria, emitiu um parecer jurídico em que diz que, como na cédula não há referência a uma "religião específica', é "perfeitamente lícito" que a nota mantenha a expressão.

A Procuradoria pede que a União comece a imprimir as cédulas sem a frase em até 120 dias. Pede ainda que haja uma multa simbólica de R$ 1 por dia de descumprimento.

Tão logo esta notícia foi veiculada, a comunidade cristã se manifestou horrorizada com a iniciativa. Alguns até atribuíram o sucesso do plano real à inscrição de louvor a Deus, esquecendo-se que esta inscrição já constava nas moedas anteriores, desde o cruzado, moeda cunhada durante o período mais difícil da economia brasileira.

Sinceramente, não vejo qualquer motivo para tal insatisfação dos religiosos. O que, de fato, louva a Deus não é uma inscrição como esta impressa em nossas cédulas, e sim, uma justa distribuição dos recursos produzidos pela sociedade.

De que adianta ter a impressão “Deus seja louvado” em nossas cédulas, enquanto o País tem uma das piores distribuições de renda do mundo?

Os romanos já cunhavam suas moedas com inscrições religiosas. Geralmente, destacava-se a suposta divindade dos imperadores. Mesmo assim, os cristãos primitivos não fizeram qualquer boicote à moeda romana. Ela circulava normalmente entre eles. O que os preocupava não era a inscrição que havia no dinheiro, e sim, a justa distribuição entre eles.
 
Lucas, o médico, relata que não havia entre eles necessitado algum, porque ninguém dizia que coisa alguma era sua, mas todos tinham tudo em comum. A moeda dizia que César era o senhor, mas o estilo de vida dos cristãos dizia outra coisa: JESUS É O SENHOR.

Só os judeus tinham problema com a moeda romana. Tanto que ela não era aceita nas atividades do Templo. Se alguém quisesse doar alguma oferta, ou mesmo comprar algum animal para o sacrifício, teria que antes passar pelos cambistas, trocando a moeda romana por uma que não trouxesse aquela inscrição blasfema. Mas o que estava por trás disso era a ganância. Os sacerdotes ganhavam rios de dinheiro com o ágio cobrado na troca de moedas. Não foi debalde que Jesus enfrentou os cambistas, munido de chicote e palavras de ordem.

Para quem tem uma consciência transformada pela ação do Espírito Santo, tanto faz o que está escrito nas cédulas. O que importa realmente é o que se traz escrito nas tábuas do coração. É lá, no âmago do nosso ser, que devemos santificar a Cristo como Senhor. O resto é farisaísmo travestido de piedade.

Por Hermes C. Fernandes

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