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O humor CQC ofende a religião, desacata autoridade e promove a desvalorização da sociedade

Há muito tempo, como vocês sabem, venho acompanhado as notícias sobre os exageros do humorístico da Band, o CQC, que se não por estupidez, faz humor com tudo o que seria politicamente correto nos tempos normais.

Uma marcha pela destruição de valores morais, uma delinquência intelectual latente, que confunde pós-modernidade com pró-imoralidade. Tempos obscuros. Marcados pela perda de sentido das grandes instituições morais, sociais e políticas, depravadas pela mídia liberalista que confunde liberdade de expressão pela cultura aberta, pelo liberalismo desenfreado, pela convivência pacífico-lúdica dos antagonismos – violência e convívio, seriedade e humor, desrespeito e tolerância, limites e liberdade.

Promoção patrocinada pela patrulha da comédia stand-up, sem piadas inocentes. Anedotas. Mas um texto sempre original, normalmente construído a partir de observações do dia a dia e do cotidiano. Pois bem. Some-se a isso o ódio que o humor irônico tem da religião, dos bons costumes e do politicamente correto.

É uma das heranças malditas do humor CQC. Um humor ilógico, irreverente, inescrupuloso, sem limites, que torna o politicamente incorreto em combustível para a arrogância e humilhação, acrescidas de pitadas de, deixem-me ver como chamar, “moral alternativa”. De maneira inequívoca, clara, insofismável, é capaz de incentivar, de maneira galante, divertida, a pedofilia – isso para não perder a oportunidade da piada. Preciso lembrar a piada do humorista Rafinha Bastos, ex-integrante da bancada CQC? Ou, o incentivo a crimes sexuais. Com a famosa frase: “Mulher feia deveria agradecer por ser estuprada”.

O humor que reforça o preconceito, que subtende que a opinião contrária é burrice. Isso não é humor. O humor CQC exige reflexão e isso inclui limitar seu “poder de fogo”. Esse humor, feito de modo tão bucéfalo, que promove o ódio religioso, o bullying e tantas outras formas de preconceito, que lança ofensas à emoção e a razão humana, mergulhando em raízes intelectuais, filosóficas, sociológicas… atropela a dignidade humana, reforçando o elitismo, ofendendo a fé.

Não é humor… infelizmente é apenas um apelo gritante por maior atenção na mídia. Lembrando que dar uns cascudos na fé de mais de 90% dos brasileiros, que são cristãos, rende-lhes boa mídia. É a moda de juntar combate à religião a alguma causa politicamente correta.

Refiro-me ao episódio da reportagem que acompanhava o processo de debate na Audiência Pública promovida pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados na terça-feira (27) para discutir o Projeto de Decreto Legislativo 234/2011 proposto pelo deputado federal João Campos (PSDB-GO). Que visa sustar partes da Resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que falam sobre a relação do profissional de psicologia em prestar atendimento quanto à orientação sexual de seus pacientes.

O mesmo humorístico que prega — em forma de protestos “engraçados” — a liberdade, subtende que o projeto do deputado João Campos, apelidado pelo “humor irônico” de “projeto pela cura gay”, não pode “permitir” que os profissionais de psicologia tenham “liberdade” para atender a necessidade de um paciente que deseje atendimento por não se sentir confortável em sua condição sexual. Por isso o humorístico “caiu de pau” (forma de expressão) nos líderes evangélicos que estiveram no debate, no qual eu me incluo.

Como se nota, trata-se de uma ignorância cultivada com esmero. Tratar sobre os limites do humor não é censura, quando se trata de restringir a liberdade de expressão que fere a pessoa humana, os valores morais. Trata-se, assim, para ficar no clima destes dias, de uma resguarda pela dignidade humana. Afinal, não existe liberdade absoluta, tão pouco existem direitos fundamentais absolutos e irrestritos. Sempre faremos ponderação em prol de valores que norteiam a sociedade.

Bem, não será desacatando autoridades, ofendendo religiosos ou judeus que criaremos humor. Não podemos nos desvalorizar como civilização em prol do humor ofensivo, desrespeitoso, repleto de paradoxos, competividade, desvalorizando a cultura do respeito mutuo


Por Abner Ferreira
Cristão, advogado, esposo, imortal da Academia Evangélica de Letras do Brasil, pastor presidente da Assembleia de Deus em Madureira – Rio de Janeiro.

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