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A fé que mata

Todo ser humano busca uma ideologia pela qual possa viver e morrer. Martin Luther King disse: “Quem não tem uma causa pela qual morrer não tem motivo para viver”.


É comum os apologetas da fé cristã usarem o argumento de que se Jesus realmente não tivesse ressuscitado provavelmente os discípulos e seus seguidores não teriam morrido pela fé que professavam. 

Confesso que não acho um argumento muito forte, há outros bem melhores, pois é muito comum ver pessoas morrerem por suas crenças e ideologias sejam elas religiosas ou políticas mesmo que essas sejam cheias de controvérsias, ao que parece o que realmente importa é essa “verdade” tornar-se verdade para quem a ouve, depois disso o individuo é capaz de viver e morrer por ela.

Baseado nisso, que dizer de uma ideologia que faz uma junção entre as duas coisas que praticamente movem, sociologicamente falando, a existência humana, no caso a política e a religião. E se esta ideologia político/religiosa fosse vista por parte de seus seguidores não apenas como algo pelo qual se possa viver e morrer, mas até mesmo matar sob a alegação de uma crença que deve ser protegida e vingada quando afrontada? 

E se essa ideologia se confunde com a formação do ser em toda a sua essência, do indivíduo no todo desde sua terna infância, dando-lhe uma visão social, religiosa e política totalmente contrária a de todas as outras existentes, e se parte do grupo não apenas condenasse o pensamento diferente, mas desejasse impor aos outros sua crença sobre a alegação de que todo contrário é “demoníaco”? 

E se está ideologia Politico/Religiosa alcança jovens de todas as nações que talvez encantados pela obscuridade de uma crença a parte da fé ocidental os faz também desejarem viver, morrer e talvez matarem pela divindade que estranhamente precisa dos seus seguidores para se defender? Isto é em poucas palavras o que significa o lado radical do Islamismo.

Agora junte isso à uma imprensa e mídia ocidental que perdeu completamente a noção do que significa liberdade de expressão, e passou a entender isso como o direito legitimado pelo grande público de afrontar e humilhar publicamente ideologias e crenças, que por sua vez, dependendo do grupo, pode não ser aceito com passividade ou simples contra argumentação. 

Este foi o caso do atentado que a revista francesa Charlie Hebdo sofreu por conta da publicação de uma caricatura de Maomé, aos gritos de “Deus é grande” dois homens invadiram armados a sede da revista e mataram 12 pessoas.

A tal revista ataca também ao cristianismo, mas a tragédia veio quando fizeram a charge referente ao líder do Islamismo. Não que o cristianismo historicamente tenha sido pacífico, mas os tempos são outros pelo menos nesse sentido.

A partir de mais esse atentado a questão que precisa ser pensada nesse instante me faz lembrar de Bonhoeffer que foi morto pelos nazistas, em um campo de concentração em 1944, por ter participado de um frustrado plano para assassinar Hitler. 

Ele construiu uma parábola para justificar seu envolvimento nesse plano de morte sendo ele um respeitado teólogo cristão. Ele dizia que se um motorista louco estivesse conduzindo para a destruição um ônibus repleto de crianças, é obviamente lícito matar-se o motorista para salvar as vidas das crianças.

A colocação de Bonhoeffer leva a inevitável ideia de que a solução seria perseguir, capturar e matar. Ainda que isso possa ser facilmente aceito por muitos como a melhor solução, é preciso ir à raiz das coisas para eliminá-las de verdade. 

A que se harmonizar ideologias de modo que haja respeito aos contrários, e nenhuma crença seja imposta pela força. Na mídia ocidental a de se respeitar e não difamar ou humilhar publicamente as ideologias alheias e deixar de gerar o riso cruel daqueles que se alegram na humilhação do outro.

A forma do Islamismo lidar com suas crenças tornou-se afrontosa sobre o ponto de vista de convivência mundial devido aos seus extremistas, creio que os líderes mundiais devem impor e exigir a civilidade para que a vida seja preservada. 

Que todos tenham o direito de crer no que quiserem e viver e morrer por suas crenças, mas nunca matarem por elas, creio que isto seja ponto pacífico. A vida é direito inalienável, é urgente portanto que uma ordem se estabeleça para o bem das nações, matar em hipótese alguma é aceitável. Oremos, pois os dias são maus.

Por João Eduardo Cruz

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