Exames mostraram que coração da Júlia recuperou o tamanho normal e não apresenta fibrose, geralmente causada pela expansão exagerada.
Em dezembro do ano passado, o Jornal Nacional apresentou uma série especial de reportagenssobre transplantes de órgãos. E milhões de brasileiros se comoveram com a menina Júlia de um ano de idade.
Ela precisava de um coração para viver. Mas essa história teve uma reviravolta. E o resultado feliz dessa mudança a gente vê na reportagem do Marcos Losekann e do Jonathan Santos.
Pequenos passos para uma menininha. Um salto para quem jamais perdeu a fé. Júlia entra caminhando no consultório de cardiopediatria do Instituto do Coração em São Paulo. Ela e os pais vêm cheios de esperança. Será que finalmente Júlia vai receber alta?
Nem parece a garotinha que encontramos no mesmo hospital no fim do ano passado. Era o dia do primeiro aniversário dela, e o quarto mês de internação. Júlia havia sido levada de Brasília para São Paulo em estado gravíssimo.
Chegou a ser desenganada pelos médicos por causa da cardiomiopatia dilatada, doença causada por um vírus que fez o coração dela crescer seis vezes acima do normal. Na época, os médicos não tinham dúvida.
“Esse transplante tem que ser para ontem!”, disse a cardiopata Estela Azeka.
Quatro corações compatíveis apareceram depois que a reportagem foi mostrada no Jornal Nacional, mas sempre havia um problema e Júlia era obrigada a esperar uma nova chance.
“Isso aqui vai acabar, se Deus quiser, logo”, torcia o empresário Cesar Siqueira, pai de Júlia.
“A gente tem fé que tudo vai se resolver da melhor forma possível e mais rápido possível para gente voltar a ter uma vida em família normal”, disse a mãe de Júlia.
E esse dia tão esperado chegou, e não foi graças a um transplante. Inexplicavelmente, os exames mostraram que o coraçãozinho da Júlia voltou a ser isso mesmo: um coraçãozinho. Recuperou o tamanho normal. E o melhor, não apresenta fibrose, geralmente causada pela expansão exagerada. Júlia ainda tem a doença, mas se tomar os remédios direitinho, pode ter uma vida normal.
“A gente até se emociona, porque a gente luta para isso, para a criança ter uma boa qualidade de vida, sempre. Foi uma etapa superada”, diz Estela Azeka.
Hora das despedidas: médicos, enfermeiros, outros pacientes. E, finalmente fazer as malas. A Júlia passou mais da metade da vida dentro do hospital, por isso esse dia é tão especial para ela e para toda sua família: voltar para Brasília, e com o próprio coração batendo no peito. Um sucesso da medicina? Uma obra de Deus? Afinal, como explicar esse momento?
“A gente crê que foi um milagre, porque desde o início a gente orava com muita fé sempre, para que Deus fizesse o melhor por ela”, afirma Cesar Siqueira.
Entrar em casa outra vez. Rever os tios, os avós, o irmãozinho. Difícil segurar a emoção. “E ela está aqui com saúde, sem transplante, com o coração dela”, diz a mãe da Júlia. Depois de passar 236 dias no leito de um hospital, esta noite Júlia vai dormir de novo na caminha dela. É sonho que vira realidade.
informação g1
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