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O que podemos aprender com os amigos de Jó?


Vivemos cada vez mais fugindo dos nossos problemas, tentando, às vezes sem sucesso, nos esquecer de tudo. Até podemos tentar, mas, sem perceber, estamos novamente pensando o que vamos fazer. Nesses momentos pouco rimos; é quase certo que vamos chorar.

Como o salmista Davi escreveu em uns dos seus Salmos, às vezes queremos ser como uma pomba para voar e fugir e pernoitar no deserto, longe de toda aflição e adversidade.

Queremos até criar asas para fugir dos nossos problemas, quanto mais dos problemas dos outros. Mas o que nos ensina a Palavra de Deus? Fugir? Encarar? Ajudar? Socorrer? Quando é o nosso problema? Queremos ajuda, queremos compartilhar, mas e o nosso irmão? Bem, os problemas são dele; às vezes não queremos nem ouvi-lo. Você pode até me responder: “Mas, irmão, estou cheio de problemas, dívidas, não consigo resolver os meus, quanto mais os dos outros. Cada um tome a sua cruz!”

Fico olhando, nos dias de hoje, e percebo que nós nos distanciamos cada vez mais no sentido de chorar com os que choram. Estamos mais propícios a sorrir e a nos alegrar com os que se alegram.

"Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram"(Romanos 12.15).
No livro de Jó encontrei três amigos. Destaco esses três pela solidariedade em chorar com Jó; uma verdadeira lição em compartilhar as lágrimas e dores do seu amigo. Elifaz, Bildade e Sofar eram os seus nomes. Preste bastante atenção: Eu não quero comentar sobre o contexto nem o desenrolar do que veio a acontecer entre eles, pois, nos capítulos que seguem toda a história, não foram felizes em seus comentários. 

Mas, como falei, me prendo no texto e passo a comentar a atitude desses três quanto à solidariedade. Veja: "E levantando de longe os seus olhos e não o conhecendo, levantaram a sua voz e choraram; e, rasgando cada um o seu manto, sobre as suas cabeças lançaram pó ao ar. E assentaram juntamente com ele na terra, sete dias e sete noites e nenhum lhe dizia palavra alguma. Porque viam que a dor era muito grande" (Jó 2:12, 13).

Que bom ter alguém para compartilhar as nossas dores, não é mesmo? Ter alguém que nos ouça, e segure em nossas mãos nesses momentos difíceis, nos momentos de adversidades. O que destaco nestes dois versículos 12 e 13 é justamente o que nos ensina a Palavra de Deus em I Coríntios 12:26. Se um sofre, o outro também sofre com ele. Esses três amigos não podiam reverter a situação de Jó, mas as suas lágrimas e presença demonstraram uma total solidariedade. Que exemplo!

Vivemos como egoístas: Saudamos os nossos irmãos com a paz do Senhor e perguntamos: "Como vai?" Mas esperamos ouvir: "Tudo bem". Quando perguntamos: "Como vai?", logo pensam que estamos preocupados com eles e queremos ajudá-los. Porém se a resposta de algum for tudo mal será que lhe seremos solidários? Sentaremos e oraremos com ele? Será que choraremos?

Bem poderia ser assim, mas torcemos para que ele responda: "Vai tudo bem". Às vezes não temos sete minutos para os nossos irmãos, para escutá-los, ajudá-los com a Palavra de Deus. Imagine sete dias e sete noites chorando como fizeram os três amigos de Jó.

Elifaz, Bildade e Sofar sentaram-se com Jó não sete minutos, mas sete dias e sete noites chorando; rasgaram suas vestes e lançaram pó às suas cabeças, simbolizando um estado de miséria e pleno sofrimento. Não falaram nada; só dividiram as lágrimas. “E assentaram juntamente com ele na terra, sete dias e sete noites e nenhum lhe dizia palavra alguma. Porque viam que a dor era muito grande" (Jó2:13).

Vivemos ocupados demais no corre-corre da vida. Talvez respondamos: "Não tenho tempo" e passemos de largo como fizeram aquele levita e sacerdote na Parábola do Bom Samaritano (Lucas 10:31-34).

Mas louvamos a Deus porque existem os bons samaritanos em nossa vida, os quais estão presentes justamente quando precisamos. Veja o que o apostolo Paulo nos diz em I Coríntios 12:26: "De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele."

Então concluímos que devemos ouvi-los, chorar com eles e socorrê-los nos momentos de dificuldades, pois somos membros de um mesmo corpo. Não posso ficar tranqüilo, sentado no banco da igreja, enquanto meu irmão está sofrendo bem do meu lado, passando necessidade. Achamos que essas funções são do pastor: visitar, aconselhar, chorar, dividir o pão.Quando agimos como o bom samaritano, a peregrinação dos nossos irmãos se torna suportável e menos dolorosa.

Gostaria de fazer um desafio à Igreja de Cristo: compartilhe com seu irmão as lágrimas dele, mesmo que você não tenha como ajudá-lo materialmente. Ore por ele, ore com ele, interceda constantemente por ele. A Bíblia nos diz que a oração de um justo tem um grande valor. Pelo menos no âmbito espiritual podemos ajudar uns aos outros. Um anjo esteve na prisão de Pedro e o soltou. Mas, por traz disso, estava a igreja e os irmãos intercedendo por ele.

Ore, chore, partilhe com seu irmão para que não haja divisão no corpo. Mas, antes, tenham os membros igual cuidado uns com os outros (I Coríntios 12:25).

Que Deus abençoe você, hoje e eternamente.

Por Josiel Dias

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