No verão passado, havia otimismo de que Bibi poderia finalmente ser ouvida pelo Supremo Tribunal do Paquistão. (Foto: Reprodução).
A cristã está presa há oito anos e desde então permanece no corredor da morte correndo o risco de ser a primeira mulher no Paquistão a ser executada por uma acusação de blasfêmia.
Asia Bibi, a cristã que está presa no corredor da morte no Paquistão, teve seu apelo adiado mais uma vez após o Supremo Tribunal da nação rejeitar um pedido para que ela seja ouvida no início de junho.
Saiful Malook, advogado de Bibi, disse à imprensa paquistanesa, o The Express Tribune, que o presidente da justiça Mian Saqib Nisar recusou o pedido de sua cliente para uma audiência. Nisar recebeu o pedido em meados de abril para o caso de Bibi ser ouvido na primeira semana de junho. "Fui informado de que o pedido foi recusado pela Suprema Corte", disse Malook ao Tribune.
Bibi, que também é conhecida como Aasiya Noreen, pode se tornar a primeira mulher no Paquistão a ser executada por uma acusação de blasfêmia. Ela passou quase oito anos na prisão depois que muçulmanas a acusaram de insultar Maomé, o profeta muçulmano. As mulheres ficaram irritadas porque beberam da mesma bacia de água que Asia Bibi.
No Paquistão, a blasfêmia, em alguns casos é punível com a morte ou com a prisão. Bibi foi condenada à morte em novembro de 2010, embora ela tenha mantido sua inocência.
Burocracia Judiciária
Joseph Nadeem, diretor executivo da Fundação para a Educação do Renascimento, disse: "Isso é muito lamentável". O esposo de Asia Bibi teve de ficar em silêncio quando ouviu as últimas notícias sobre o caso. "Há muitos fatores por trás do ritmo lento do judiciário. Seu caso foi prejudicado devido à enorme pressão. Haverá forte reação se Bibi for libertada, grupos opostos farão questão de contra atacar", ressaltou o diretor.
Inicialmente, Bibi apelou sua sentença de morte para o Lahore High Court, mas sua audiência foi adiada pelo menos sete vezes antes de seu apelo ser ouvido em outubro de 2014 e sua condenação ser confirmada.
No verão passado, havia otimismo de que Bibi poderia finalmente ser ouvida pelo Supremo Tribunal do Paquistão. Foi relatado que Nisar tinha ordenado que o apelo de Bibi fosse ouvido na segunda semana de outubro de 2016.
No entanto, a audiência foi adiada. Iqbal Hameed-ur-Rehman foi recusado do caso porque ele era o presidente do Supremo Tribunal de Islamabad, quando o tribunal confirmou a condenação do guarda-costas muçulmano que assassinou o governador de Punjab, Salmaan Taseer em 2011. Taseer havia falado em defesa de Bibi e contra as leis de blasfêmia.
Lei da Blasfêmia para quem?
Desde que o Paquistão instituiu leis de blasfêmia na década de 1980, elas foram usadas por muçulmanos para resolver problemas pessoais e fizeram de alvo os cristãos e outras minorias religiosas. Bibi não é a única cristã a ter sido vítima das leis da blasfêmia.
Em outubro do ano passado, foi relatado que um menino cristão de 9 anos foi acusado de queimar o Alcorão. O menino e sua mãe foram presos e alegaram terem sido espancados e torturados pela polícia. O Paquistão ocupa, atualmente, o quarto lugar no mundo no que diz respeito à perseguição aos cristãos, de acordo com a Lista Mundial de 2017 do Ministério Portas Abertas.
Guiame
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