Historiador afirma que Davi não matou Golias

O autor já foi contestado por estudiosa da Bíblia
Em seu novo livro, Joel Baden, estudioso da Bíblia e professor da Universidade Yale (Estados Unidos), afirma que Davi não matou Golias e tenta desmentir a história bíblica.

Entre outras afirmações contra o grande rei de Israel, o autor afirma que Davi não escreveu os salmos, matou muita gente e que não era pai de Salomão.

Todas essas afirmações fazem parte do livro “Davi: a vida real de um herói bíblico” que chega ao Brasil pela editora Zahar.

Algumas das afirmações do livro usam a própria Bíblia na justificação. Entre elas 2 Samuel 21:19 que afirma que Elanã (El-Hanã) teria ferido Golias, capítulos depois da história onde Davi já teria o matado.

“Davi é um dos únicos personagens bíblicos que é igualmente amado por judeus e cristãos – por ser o maior dos reis de Israel e ancestral de Jesus”, afirma Baden. “É a combinação perfeita para uma biografia”, disse o autor.

Baden afirma também que a parte da Bíblia que conta a história de Davi não é histórica, mas apologética. “A apologia é um gênero literário que reconta o passado de modo que o herói da história pareça melhor do que ele realmente foi”, afirma.

O estudioso diz que a história bíblica tenta tirar de Davi as acusações de usurpar o trono e ter assassinado Saul. “Quando os autores bíblicos não medem esforços para enfatizar algo, temos razões para suspeitar que tenha se passado exatamente o oposto.”

Para o autor não há dúvidas de que Davi tenha matadO Saul e que a versão da Bíblia sobre ele não ter tocado no rei que o antecedeu não é correta. “A única conclusão sensata é que Davi participou ativamente da morte de Saul, que o conduziu ao trono. ”

Ainda segundo o autor do livro, Salomão não era filho de Davi e que, portanto, a descendência de Davi não assumiu o trono. Salomão seria filho de Urias, oficial do exército morto a mando de Davi que havia se apaixonado por Betsebá.

As teorias de Baden já foram contestadas pela biblista Suzana Chwarts, professora do Departamento de Letras Orientais da Universidade de São Paulo. Para ela as conjecturas do livro “são construídas sobre areia movediça e podem cair por terra na próxima escavação arqueológica”.

Ela também contesta a afirmação de que o nome de Salomão significaria “substituto”, dizendo que na verdade o significado é “shalom”.

“Davi era um homem de guerra; Salomão, um homem de paz”, afirma a professora em entrevista à revista Época.

Ela ainda dá uma sugestão: “Em vez de inserir histórias imaginadas por nós nos vácuos do texto, precisamos entender como a Bíblia foi composta.”

A convite da revista o rabino Ruben Sternschein, da Congregação Israelita Paulista, também comentou o livro dizendo: “Não lemos a Bíblia em busca de conhecimento histórico, mas, sim, de valores éticos e mensagens que dialoguem com o nosso cotidiano”.

Para ele as comprovações ou negação sobre a história não afetam sua fé. “As narrativas bíblicas não são importantes por serem historicamente verdadeiras, mas porque nos dão lições sobre a nossa própria humanidade”, afirma. “A fé pode ser cega, mas uma fé que mantém os olhos abertos é ainda mais forte”, conclui o rabino.

GospelPrime

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