Ameaça de ataque faz procura por máscaras de gás disparar em Israel

Uso de armas químicas colocou a população em “estado de alerta”.

Nesta segunda-feira foi possível ver em várias partes de Israel as pessoas fazendo fila para comprar uma máscara de gás. A confirmação de que foram usadas armas químicas no conflito na Síria e a ameaça que ele pode atingir Israel intensificou a procura pelas máscaras.

Mesmo em um país acostumado com rumores de guerra, a notícia gerou preocupação. “Vivemos em uma região de conflito. É suficiente que um louco aperte um botão e você nunca sabe o que pode acontecer em seguida”, disse Victor Bracha, de 72 anos. Ele esperava na fila para comprar equipamento de proteção em um centro de distribuição improvisado, diz um relato publicado pelo jornal Isarel Hayon.

Em maio, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou um grande investimento para equipar toda a população de Israel com máscara de gás. No entanto, houve um déficit de material devido a problemas no orçamento. Com o rumor de intervenção militar da ONU no país, o presidente Assad advertiu sobre as “graves repercussões” que teria para a região qualquer ação estrangeira no país.

Logo, a mídia em Israel começou a falar da ameaça da Síria e seus aliados bombardearem os judeus caso os EUA decidam atacar, as vendas dispararam 400% em apenas um dia. O governo israelense não descarta essa possibilidade. ”Não seremos capazes de fornecer um número suficiente [de máscaras de gás], caso isso aconteça, e que Deus nos salve”, disse o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Parlamento, Eli Yishai.

Ele pediu um aumento emergencial no orçamento para que todos os cidadãos possam ter uma máscara o quanto antes. O serviço postal disse que o número de consultas a seu serviço expresso de máscara de gás quadruplicou no domingo.

O serviço de Correios de Israel tem sido responsável pela distribuição de kits com máscara de gás desde fevereiro de 2010. De acordo com seus dados, 5 milhões de israelenses já receberam seus kits, ou seja, 65% dos habitantes. Nas grandes cidades, cerca de 75% da população já foi atendida. Curiosamente, a exceção é Jerusalém, onde apenas 29,7% dos moradores fizeram o pedido. A explicação é que devido ao grande número de muçulmanos que vivem ali, a cidade não seria um alvo do governo sírio.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou ontem (25): “O que aconteceu na Síria é uma tragédia terrível e também um crime terrível. Os regimes mais perigosos do mundo não podem possuir as armais mais poderosas do mundo. Esperamos que alguém coloque um fim a isso. Mas sempre me lembro das palavras de nossos sábios antigos: “Se não nos defendermos, quem será por nós? ‘”.

Ele destacou que Israel está preparado: “Nós temos nossos dedos no gatilho, sempre nos propomos a defender os nossos cidadãos e nosso país contra aqueles que desejam para nos prejudicar”. Para o premiê, “a Síria virou um campo de teste (para as armas) do Irã”.

O ministro de Assuntos Estratégicos e Inteligência, Yuval Steinitz, disse no domingo. “Não é do interesse do presidente da Síria nos atacar, isso poderia causar a sua morte mais rapidamente… Seria insanidade tentar provocar Israel nesse momento”.

O presidente israelense Simon Peres apelou à comunidade internacional para eliminar as armas químicas da Síria, afirmando “elas não podem permanecer ali, ou seja, nas mãos de al-Assad ou nas de algum outro. É muito complicado, muito caro, mas será ainda mais complicado e mais perigoso” deixar as coisas como estão.

O Ministro da Defesa, Moshe Ya’alon, também comentou a situação “Não vamos permitir a transferência de armas para o Hezbollah. Não iremos tolerar o envio de armas químicas e vamos responder a qualquer ataque à nossa soberania… Não vamos esperar que exércitos estrangeiros façam isso por nós. ”

Apesar de o Parlamento de Israel estar em recesso, Eli Yishai convocou uma reunião de emergência da Comissão de Defesa para esta quarta-feira. “É obrigação do governo estar preparado… vou realizar uma audiência urgente para examinar todos os cenários que possam representar perigo e como está nossa capacidade de defesa”.

Tecnicamente, Israel continua em guerra com a Síria, desde o conflito pelas Colinas de Golan, que Israel retomou na guerra de 1967. O governo israelense tem acompanhado de perto, mas evitado qualquer envolvimento nos conflitos internos no Oriente Médio nos últimos dois anos, em especial dos vizinhos árabes Egito e Síria. Oficialmente, 1300 civis morreram em consequência do uso de armas químicas após ataque em Damasco.

Com informações Israel Hayom e Reuters.
GP

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