Pastor David Ortiz (direita), ao lado de seu filho (meio) e sua esposa (esquerda). (Foto: MO)
O filho do pastor David Ortiz ficou gravemente ferido após abrir um pacote com explosivos, que foi deixado em frente à porta de sua casa, em Israel.
O jovem Christian Ami Ortiz ficou gravemente ferido quando ele era apenas um adolescente em 2008. Ele abriu um pacote de bombas que foi entregue em sua casa,
em Israel.
Posteriormente, as investigações sobre o caso apontaram que o pacote foi enviado por Yaakov "Jack" Teitel, um "terrorista judeu ultra-ortodoxo", condenado em 2013 a duas sentenças de prisão perpétua e mais 30 anos por vários assassinatos, o bombardeio e uma tentativa de assassinato em Ariel, uma cidade localizada na Cisjordânia.
Teitel confessou que na verdade, o objetivo era matar o pai do adolescente, o pastor David Ortiz, por causa do trabalho de evangelismo que o pastor desenvolvia na comunidade judaica, já naquela época.
Apesar do ataque, o pastor Ortiz chamou os cristãos a continuarem apoiando Israel, assegurando que pessoas como Teitel não representam de fato aquela nação.
"Esses radicais são menos de um por cento da população, e eles não representam o povo israelense", explicou ele depois do bombardeio.
O pastor David Ortiz nasceu em Porto Rico, mas foi criado em Nova York. Ele vive em Israel há 32 anos. Casado com Leah, ele pertence a uma família judaica convertida ao Evangelho.
Desde a sua infância em Nova York, ele sempre esteve em contato com os judeus ortodoxos. O grupo não tinha interesse no Evangelho. Isso gerou em David um chamado especial para compartilhar a mensagem do Messias com o povo judeu.
O site 'Protestante Digital' entrevistou o pastor em Jerusalém, mais de 8 anos depois do trágico ataque que feriu seu filho. Sua história é uma mensagem de esperança no meio da barbárie e do poder de Deus trabalhando de forma tão real como sobrenatural.
Segundo o pastor, apesar dele já ter uma ideia de que o extremismo dos judeus ultra-ortodoxos representa apenas uma minoria em Israel, ele não descartava a possibilidade de em algum dia esbarrar neste contexto perigoso.
"Eu sabia o que ia acontecer, porque conhecia a mentalidade deles. No início, eles me aceitaram, mas quando viram que eu estava pregando o Evangelho e outros judeus começaram a se entregar a Jesus, eles começaram a me perseguir. Eles colocaram cartazes contra mim e me pressionaram para que eu pedisse demissão do meu emprego como técnico dentário", contou.
Quanto ao povo judeu de forma geral e até mesmo os muçulmanos que vivem em Israel, Ortiz celebrou o fato destas pessoas ter reagido positivamente ao seu trabalho de evangelismo.
"Curiosamente, eles responderam bem ao Evangelho, especialmente quando comecei a pregar aos muçulmanos. Eles [muçulmanos] me disseram, por que você prega para eles e não para nós? Eles estavam com 'ciúmes", relatou.
Atentado
Falando sobre o atentado que quase matou seu filho, David Ortiz explicou que aquele foi um momento no qual Deus o preparou para enfrentar algo muito forte.
"O Senhor falou comigo e me avisou, sabia que algo iria acontecer. Algo que não entendia, mas que era controlado por Deus. Eles me enviaram um pacote de bombas, mas eu não estava em casa, meu filho, Ami, que tinha quinze anos, conseguiu. Eles enviaram a bomba porque as pessoas responderam positivamente ao Evangelho", explicou.
"Ami sofreu feridas muito graves, ele ficou chocado com a hemorragia. Ele tinha queimaduras graves, os pulmões fora do corpo, com costelas quebradas ... parecia que ele ia morrer", acrescentou.
Pastor David contou que suas impressões sobre o estado de saúde foram confirmadas pelos médicos, que não visualizavam muitas chances do garoto sobreviver.
"Naquela noite, os médicos me disseram que era muito provável que ele fosse morrer. Minha esposa e eu estávamos desesperados. Eu disse ao Senhor: 'Não vejo esperança, tudo parece ser escuridão'. Mas eu senti que Deus me disse que no céu já estava decidido que Ami viveria. Pela manhã, o médico ficou atônito e me disse que não havia uma explicação médica, mas que ocorreu um milagre. Na noite anterior, parecia que ele não ia conseguir, e de repente ele começou a se recuperar", disse o pastor.
Ortiz lembrou que a recuperação de seu filho não foi instantânea e cada etapa vencida significou uma grande conquista.
"[A recuperação] foi longa. Eles me disseram que Ami iria ficar cego, mas depois de uma cirurgia, sua visão estava perfeita. Então ele passou cinco meses no hospital, mas se recuperou. Ele jogava basquete desde os 7 anos e conseguiu voltar a jogar, após a recuperação. Nós temos uma foto dele fazendo uma cesta. Mas agora ele está mais focado em seus estudos, porque ele quer ser um psicólogo para ajudar as crianças com trauma", contou.
Pastor David também destacou que perdoar os terroristas que enviaram o pacote para sua casa foi mais que uma "atitude nobre" de sua parte, mas sim algo essencial para sua vida como cristão.
"O ódio é uma raiz que cresce e mata seu relacionamento com Deus. Aprendi isso nos primeiros passos da minha vida cristã, e eu sabia que não podia deixar que o rancor se aninhasse no meu coração", afirmou.
Evangelizando aquele que o atacou
Após descobrir o principal autor do atentado que quase matou seu filho, David Ortiz decidiu ir até o rapaz e demonstrar compaixão por ele, apesar de tudo.
"Eu sabia quem ele [terrorista] era, e que ele estava morrendo por causa de um câncer de pâncreas. Eu disse para mim mesmo: 'eu tenho que vê-lo como uma alma perdida, não como um terrorista'. Fui ao hospital para vê-lo e disse-lhe: 'você sabe o que fez e que se apresentará diante do trono de Deus. Por isso precisa se arrepender, só o sangue de Jesus pode lavar seus pecados", contou.
"Falei com ele sobre o Evangelho e orei com ele e por ele. Ele acenou com a cabeça, fazendo um sinal positivo, como se reconhecesse a Cristo como seu salvador naquele momento, apesar de estar incapaz de falar. Ele morreu no dia seguinte, espero que esteja no céu", acrescentou.
Pastor David Ortiz lembrou também que o apoio de sua igreja e da comunidade onde vive foi muito importante para lidar com o trauma que aquele ataque poderia gerar sobre ele e sua família.
"Temos muito apoio da igreja, o prefeito também nos apoiou e podemos desenvolver o nosso trabalho social. A igreja está crescendo entre os judeus e entre os muçulmanos (já existem 150 crentes convertidos do Islã para o cristianismo em nossa cidade)", contou.
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