Em primeiro lugar, para começarmos bem, devo afirmar que risco maior corre quem faz tudo errado e tudo dá certo. Quando tudo dá certo os riscos crescem sem que percebamos, pois o resultado acaba maquiando os desvios dos procedimentos. Não nos importamos com regra, ética, respeito, limite. Afinal, se tudo está dando certo deve estar certo o que fazemos, racionalizamos. Entendeu o perigo? É nesse contexto que geralmente diminuímos exigências, valores e padrões.
Então por que muitos tentam fazer sempre o que é certo e só colhem erros? A resposta matemática com um resultado exato, não tenho. Mas gosto de olhar para a vida como quem admira o desenvolvimento da história. Todo mundo tem uma história que para ser contada e corretamente compreendida precisa respeitar o tempo. No plano traçado por Deus não se pode queimar etapas. Como Artista Criador que é, Ele faz questão de ser original em cada detalhe.
Na história do Seu Filho facilmente percebemos esta rotina constante: “E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou ao Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto; e quarenta dias foi tentado pelo diabo…” Lucas 4.1,2. Percebeu? Jesus estava cheio do Espírito Santo, portanto em pureza e santificação total no coração, no pensamento, na alma, nas palavras. Ou seja, Jesus estava fazendo tudo certo e ganhou como prêmio quarenta dias no deserto sendo tentado pelo diabo?!?! Resultado mais errado, para quem estava fazendo tudo certo, impossível.
Voltando na minha tese, olhando para a história conseguimos compreender um pouco do tudo que aconteceu com Jesus. Ser tentado e vencer era importante no plano para nos salvar. É fundamental para nós sabermos que Jesus, aquele para quem pedimos que não nos deixe cair em tentação, foi tentado e não caiu, saiu daqueles quarenta dias completamente vitorioso, portanto com total autoridade para nos ajudar a vencer as nossas mais secretas tentações.
Muitas coisas já “deram erradas” na minha vida e só hoje compreendi o porquê. Outras que parecem “erradas” hoje, ainda não as compreendo, mas creio que compreenderei quando o capítulo da minha história presente for concluído. Escrever isso é fácil, viver não é. Até porque, por mais que se saiba existir um propósito maior, os quarenta dias do deserto trituram intensamente e sem apelação enquanto acontecem.
Meu desejo com este texto é incentivar cada um a não abandonar a prática do certo em função de temporários resultados errados. Querer o certo a qualquer preço é muito errado, e custará caro no final. Persevere no certo mesmo que as coisas estejam dando errado, o tempo da boa colheita um dia chegará. No tempo de Deus tudo dará certo, como bem afirmou Fernando Sabino: “No fim tudo dá certo, se ainda não deu certo é porque o fim ainda não chegou.”
Paz!
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