Ex-usuário de drogas resgata viciados e evangeliza na Cracolândia: “Sei o que eles pensam”


O programa já tratou seis mil dependentes a partir de ações simples, como abordagens nas ruas. (Foto: Bom Dia Brasil/TV Globo)



Através do projeto Cristolândia, que atua na região da Cracolândia, mais de seis mil dependentes químicos já foram tratados.
Diante da crise vivida na região da Cracolândia, em São Paulo, iniciativas missionárias têm indicado que é possível tirar dependentes químicos das ruas e encaminhá-los para um processo de recuperação.

Esse é o caso da Cristolândia, projeto que faz parte das Juntas de Missões Nacionais da Igreja Batista. Em sete anos, o programa já tratou seis mil dependentes a partir de ações simples, como abordagens individuais nas ruas.

Com um centro de tratamento na região da Cracolândia, no centro da cidade, as portas da entidade permanecem sempre abertas para receber usuários de drogas que estão em busca de ajuda.

O missionário Diogo Vieira Pinto explica que o tratamento tem duração de dois anos e é totalmente voluntário. “Assim que a pessoa não quer mais o tratamento ela é livre para sair, mas nós fazemos de tudo para que essa pessoa fique até estar bem, tranquila e em paz para ser reinserida na sociedade”, disse ele ao jornal Bom Dia Brasil

Sete em cada 10 pessoas que participam da Cristolândia conseguem recomeçar a vida longe das drogas. Muitos, inclusive, ajudam outros dependentes. Esse é o caso do repositor Adriano dos Santos, que hoje leva a mensagem de Jesus para os dependentes químicos

“Eu passei bastante tempo da minha vida — quase dez anos — morando nas ruas, usando drogas. Então eu sei o que eles querem, eu sei o que eles pensam, eu sei o desejo que eles têm de ajuda. Eles querem ajuda”, afirma Adriano.

Adriano dos Santos hoje leva a mensagem de Jesus para os dependentes químicos. (Foto: Bom Dia Brasil/TV Globo)

De acordo com o pastor Humberto Machado, líder do projeto, a maior dificuldade que um dependente químico enfrenta é retomar a credibilidade que foi perdida. “Hoje, em São Paulo, nem nas portas das igrejas eles são aceitos. Um ‘nóia’ incomoda muita gente, dois ‘nóias’ também incomodam, mas dez ‘nóias’, muito mais. Na realidade, a igreja perdeu a visão. A sociedade ficou refém deles e a igreja que deveria dar cobertura e tentar resgatar, fechou as portas”, disse em entrevista ao Guiame.

“As pessoas da igreja têm de entender que a missão de resgatar esse povo não é da prefeitura, não é do governo, não é do Estado, é da Igreja. O poder de transformar vidas vem da igreja de Cristo. E se nós, que somos a igreja, não acreditarmos neles, como será a vida deles?”, questiona o pastor.

Atuação da prefeitura
Durou menos de dois dias a decisão que permitia à Prefeitura de São Paulo apreender usuários de drogas da Cracolândia para avaliação médica compulsória.

O Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu a autorização neste domingo (28) e considerou que “o pedido da Prefeitura de São Paulo é impreciso, vago e amplo, e, portanto, contrasta com os princípios basilares do Estado Democrático de Direito, porque concede à municipalidade carta branca para eleger quem é a ‘pessoa em estado de drogadiçāo vagando pelas ruas da cidade de São Paulo’”.

O Cristolândia já tratou seis mil dependentes a partir de ações simples. (Foto: Bom Dia Brasil/TV Globo)

A Prefeitura disse, em nota, que vai recorrer da decisão do desembargador Reinaldo Miluzzi, autor da liminar. “O trabalho de acolhimento e tratamento dos usuários que aceitam se internar continuará sendo feito”, diz o comunicado.

Guiame

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