Centenas de joelhos no Itaquerão contra a exploração sexual infantil na Copa

“Ajoelhamos para clamar pelas crianças e simbolizar como o Brasil está diante da FIFA”, diz Carlos Bezerra Jr., deputado evangélico que liderou a ação

No último domingo, centenas de pessoas se reuniram em frente à Arena Corínthians, o Itaquerão, para protestar contra a exploração sexual de crianças e adolescentes durante a Copa do Mundo. Após andar até o estádio com faixas e cartazes, o grupo se colocou de joelhos e orou pela proteção das crianças brasileiras ali representadas.

O ato público foi liderado pelo deputado Carlos Bezerra Jr., que foi relator da CPI da Pedofilia e autor da lei que criou o 1º Observatório da Infância de SP, quando era vereador, e pela vereadora Patrícia Bezerra, relatora da CPI que apurou a exploração sexual infantil relacionada a eventos esportivos no município de São Paulo. A Casa de Assistência Filadélfia (CAF), administrada por um conjunto de igrejas e o projeto “Bola na Rede” da Rede Evangélica Nacional de Ação Social (RENAS), estiveram lá e apoiaram a manifestação.

“Nossa expectativa era que a Copa deixasse um legado de melhoria à rede de proteção infanto-juvenil, principalmente ao redor dos estádios e nas cidades-sede. Mas a mesma omissão presente na construção dos estádios, tem se aplicado às crianças. Se nada for feito, haverá um recorde no número de casos de abusos. É preciso levantar nossa voz profeticamente contra esse absurdo”, diz Bezerra Jr.

De acordo com estudo da Childhood (WCF), no mundial da África do Sul, houve crescimento de 63% nos casos de exploração infantil. Foram 40 mil ocorrências entre a chegada das delegações e o fim da Copa. Para o deputado e a vereadora Patrícia, é preciso exigir do Poder Público ações preventivas contra este tipo de crime. No entanto, eles acreditam que a FIFA também deve assumir sua responsabilidade de prevenção.

“A Fifa foi chamada para fazer parte de uma campanha e se recusou a participar. O Brasil se curvou diante da Fifa, a arrecadação de direito de imagem foi de 1,3 bilhão, e nenhum centavo foi destinado para coibir esse crime. É uma tragédia anunciada. A Alemanha é um país mais estruturado e experimentou aumento de 28% nos casos, imagine a proporção do que vai acontecer aqui”, alerta a vereadora.

Segundo a Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, em 2013 foram registrados 33 mil casos de exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil, 6.391 só em São Paulo.
Motivo de alerta

Ainda durante a construção do estádio do Corinthians, a CPI da Exploração Sexual do município de São Paulo, em investigação conduzida por Patrícia, constatou aumento de casos desse crime no entorno das obras. “A gente colheu depoimentos de meninas que foram vitimizadas. É fato que existe e existiu a exploração sexual naquele momento e nas imediações do Itaquerão”, destaca a vereadora.

Com todas as constatações levantadas, a preocupação dos manifestantes e dos parlamentares se voltam para o que pode acontecer durante o mundial: “Teremos mais de 60 mil turistas em São Paulo durante a Copa, as escolas estarão em férias ou terão feriado e as creches não estarão funcionando. Os ambientes de proteção da criança não estarão em funcionamento. Devemos, sim, dobrar nossos joelhos por nossas crianças diante de Deus, mas nos levantar e lutar para protejê-las”, afirma Bezerra Jr.

GospelPrime

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