A cidade bíblica de Jerusalém sempre foi alvo da visita de peregrinos dedicados a vários credos e religiões do mundo, nomeadamente judeus, cristãos e muçulmanos.
Milhões de pessoas vêm para a cidade antiga e religiosa anualmente. Mas para uma pequena porcentagem, a excitação induzida pela proximidade com marcos sagrados, invoca uma condição rara conhecida como síndrome de Jerusalém.
Identificada pela primeira vez em 2000, os psicólogos observaram peregrinos religiosos tomados pela emoção de estarem tão próximos ao local sagrado que eles passavam a acreditar que eram, de fato, personagens bíblicos.
A síndrome é caracterizada por ansiedade, agitação e nervosismo. Os acometidos pela condição são consumidos pela necessidade de estarem limpos para vestir peças de roupa como as descritas nos livros sagrados.
A próxima etapa faz com que eles tenha a necessidade de gritar, ou cantar salmos em tom de voz alto, versículos da Bíblia, hinos religiosos ou espirituais. A procissão ou marcha para um dos lugares sagrados da cidade, é, então, finalmente seguido pela entrega de um "sermão".
De acordo com a LiveScience, essas pessoas, geralmente, nunca passaram por problemas mentais ou tiveram indícios de alguma falha em condições psicológicas.
No entanto, em muitos outros casos, os especialistas acreditam que a condição é provavelmente parte de uma psicose mais ampla, que não é exclusiva de Jerusalém. Simon Rego, diretor de treinamento de psicologia do Albert Einstein College of Medicine e do Montefiore Medical Center, em Nova York, disse:
"Você vê coisas como esta surgirem periodicamente na literatura, onde as pessoas acreditam ter encontrado uma síndrome única. Pode ser simplesmente o resultado de uma doença mental subjacente”.
Um estudo, publicado no British Journal of Psychiatry, observou que, desde 1980, os psiquiatras de Jerusalém têm encontrado um número cada vez maior de turistas que, ao chegar na cidade 'sofrem descompensação psicótica’.
Como resultado da constante alta incidência deste fenômeno, foi tomada a decisão de canalizar todos os casos a uma instalação central, o Centro de Saúde Mental Kfar Shaul. Lá, os pacientes recebem aconselhamento psicológico, intervenção psiquiátrica e, se julgar necessário, a admissão ao hospital.
Ao longo de um período de 13 anos, de 1980 a 1993, 1.200 turistas com doenças mentais graves invocadas por Jerusalém, foram encaminhados para a instalação. Destes, 470 foram admitidos no hospital.
Em média, o estudo descobriu que 100 desses turistas foram vistos por especialistas durante o ano, sendo 40 deles internados posteriormente.
Com o curso de seu estudo, os pesquisadores identificaram três tipos de pessoas afetadas pela síndrome de Jerusalém. Os indivíduos incluídos na primeira, já foram diagnosticados como portadores de uma doença de saúde mental antes de visitar Israel. Esses pacientes, geralmente, se identificam fortemente com os personagens do Antigo e do Novo Testamento.
O estudo cita o exemplo de um turista americano que sofre de esquizofrenia paranoica, que acreditava ser o personagem bíblico, Sansão. Ele visitou Israel porque foi obrigado a passar por um dos blocos de pedra gigantes que formam a Western (Wailing) Wall, que, em sua opinião, não estava no lugar certo. Ao chegar no Muro das Lamentações, ele tentou mover uma das pedras. Ele acabou sendo internado no Kfar Shaul.
O segundo grupo inclui as pessoas com transtornos de personalidade e obsessões com ideias fixas, mas que não têm uma doença mental evidente. Pesquisadores citaram o caso de um alemão saudável que era obcecado em encontrar a "verdadeira" religião, e viajou para Jerusalém para estudar o Judaísmo.
Ele acabou sofrendo um surto psicótico na Igreja do Santo Sepulcro, construída no local onde acredita-se que Jesus tenha sido crucificado e sepultado.
E o terceiro tipo de paciente identificado no estudo, foi o daqueles sem histórico de doença mental, mas que experimentaram um episódio psicótico, enquanto visitavam a cidade. Este grupo foi recuperado espontaneamente depois de deixar Israel. Dos 1.200 pacientes examinados, apenas 42 se encaixaram na terceira categoria.
Apesar do estudo, o ato de relacionar a síndrome exclusivamente à Jerusalém foi condenado por uma série de especialistas. Alan Manevitz, do Lenox Hill Hospital, em Nova York, disse que a condição pode acontecer quando uma pessoa que está em risco de psicose experimenta o estresse da viagem para outro país. "Eu acho que o que acontece é que as pessoas vulneráveis podem ser inspiradas pelas circunstâncias ao seu redor", disse ele.
Dr. Rego concordou que a condição não pode ser exclusiva para Jerusalém. “Se fosse puramente causal, seria de esperar que todos os que visitam Jerusalém tivessem o problema", disse ele.
Fonte: DailyMail Foto: Reprodução / Internet
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