“Não posso ser prefeito por ser evangélico?”, questiona Crivella

Bispo licenciado nega almejar o cargo como parte do projeto de poder da Igreja Universal
Em primeiro lugar nas intenções de voto para a prefeitura do Rio de Janeiro – as pesquisas mais recentes dizem que ele tem 31% – Marcelo Crivella (PRB) está otimista. Em 2004 e 2008 ele acabou derrotado na luta pelo o cargo, mas o senador mudou o tom nesse pleito.

Ele deverá ir para segundo turno numa das eleições mais apertadas da história da cidade. Seu oponente ainda está em aberto, mas pode ser Pedro Paulo (PMDB), do partido que o derrotou na campanha para governador em 2014, quando também foi para uma segunda rodada nas urnas.

Ao que parece, um dos seus trunfos é ter conseguido diminuir a rejeição, no primeiro levantamento chegou a 35%, agora está em 21%. Também trabalhou de modo diferente a sua imagem, tentando se desvincular do cargo de bispo (licenciado) da Igreja Universal. Este ano, recebeu apoio até de um pai de santo.

Em entrevista à revista VEJA, afirmou: “a Igreja não terá nenhuma relação com minha gestão”. Questionado sobre ser alvo de preconceito, respondeu: “Sou evangélico e posso ser engenheiro. Mas por que não prefeito?”

Ele também nega que se beneficia do fato da Rede Record ser de propriedade do tio. “Se a Record fosse uma TV de evangélicos, como é que ela estaria atrás da transmissão do carnaval? A Record quer fazer televisão, o PRB quer fazer política”, assegurou, referindo-se ao partido pelo qual concorre – que para muitos é um braço político da IURD.

Chama atenção o fato dele ter se distanciado do bispo Macedo no âmbito pessoal. “A última vez que eu falei ele foi há dois anos”, afirmou à VEJA. Revelou que o tio “vive dentro do templo de Salomão”, local que ele só visitou no dia da inauguração.

Esse descolamento da sua candidatura da imagem da Universal é fruto da campanha de 2014, quando o candidato Pezão, que acabou eleito, afirmava que, caso Crivella vencesse, “quem ia tomar conta do estado era a igreja, que haveria um monopólio da religião”.

O embate com o PMDB de Pezão continua, pois Pedro Paulo classificou de “triunvirato macabro” a suposta aliança entre Crivella, o bispo Macedo e o ex-governador Anthony Garotinho, que o apoia. Devolvendo na mesma moeda, o senador foi enfático: “Nem o Edir Macedo nem o Garotinho querem ou vão participar do meu governo. Se existe um triunvirato macabro eu diria que ele é formado por Eduardo Cunha, Pedro Paulo e Sérgio Cabral”.

GospelPrime

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