Feliciano diz que candidata "traiu a questão evangélica" e Caio Fábio a defende
A candidata a presidente pela Rede, Marina Silva só perdeu apoio eleitorado evangélico desde 2014. Segundo a pesquisa mais recente do Ibope/Estado, hoje ela tem entre os
apenas 12% das intenções de voto no segmento. Trata-se do mesmo porcentual que alcança entre os católicos ou seguidores de outras religiões.
Quatro anos atrás, o quadro que se desenhava para a candidata evangélica era bem diferente. Quando concorreu pelo PSB, em substituição a Eduardo Campos, após sua morte em um acidente aéreo, Marina tinha apoio acima da média entre evangélicos: 43%. Ou seja, 12 pontos porcentuais a mais do que a intenção registrada entre os católicos.
Como de lá para cá o número de evangélicos aumentou, se não tivesse perdido apoio entre os fiéis de sua religião, Marina poderia estar muito melhor posicionada na corrida presidencial. Marina tem apenas 6% das preferências no eleitorado total. Sua “taxa de rejeição” entre os evangélicos é de 25%.
Uma comparação do “peso” do voto no segmento, feito pelo jornal Estado de São Paulo, mostra que em 2014, os evangélicos eram aproximadamente um em cada cinco eleitores. Atualmente são um em cada quatro.
A própria Marina por diversas vezes rejeitou associar sua imagem ao eleitorado evangélico, ao passo que o líder das pesquisas Jair Bolsonaro (PSL) embora católico, tenha buscado isso, aparecendo constantemente ao lado de pastores. Paradoxalmente, Cabo Daciolo (Patriota) – o outro candidato declaradamente evangélico – sequer pontuou nessa estratificação, mostrando também o enfraquecimento da ideia de que “irmão [na fé] vota em irmão”.
O desgaste de Marina com algumas lideranças começou em 2010, quando concorreu pela primeira vez. Na época, ela perdeu a “bênção” de algumas lideranças evangélicas importantes por sua recusa em se posicionar claramente sobre questões como a legalização do aborto e das drogas, optando em propor um “plebiscito”. Nos últimos 8 anos ela não mudou seu posicionamento. Além disso, seu atual plano de governo tem uma sessão específica sobre a “agenda LGBTI”.
Em 2014 e na campanha atual, Marina se envolveu em polêmicas relacionadas a aborto e casamento entre pessoas do mesmo sexo. Diz ser pessoalmente contra o primeiro tema, mas insiste no plebiscito. Já sobre o segundo, logo após a Rede publicar seu programa de governo, acabaram trocando “casamento gay” por “união civil” no capítulo que discutia direitos dos homossexuais. Essa alteração foi vista como tentativa de evitar reações negativas no eleitorado mais religioso.
Missionária da Assembleia de Deus, a presidenciável não recebeu apoio de sua própria denominação. Ao avaliar a visível perda de votos entre os evangélicos, minimizou: “Não uso o palanque como púlpito, nem o púlpito como palanque”.
‘Traiu a causa evangélica’
Entre seus críticos está o deputado Marco Feliciano (Podemos/SP), um dos principais nomes da bancada evangélica. “Com a história do plebiscito, ela traiu a questão evangélica”, explica.
De acordo com a avaliação do Estado de São Paulo, “Com um programa mais à esquerda que o de 2014 – elaborado em conjunto com o PSB – o atual partido de Marina busca seduzir eleitores que podem ficar “órfãos”, após a declaração de inelegibilidade de Lula – condenado em 2ª instância e preso desde abril”.
Apesar disso, Marina tem apoio de pastores que se contrapõem a bandeiras de Bolsonaro. Um deles é Caio Fábio, seu cabo eleitoral declarado. Em um programa em seu canal de Youtube, avaliou que a queda de apoio a ela entre evangélicos tem a ver com uma mudança na perspectiva dos próprios. “Isso tem a ver com o embrutecimento religioso”, resumiu.
Por sua vez, Marina declarou que “a comunidade evangélica é grande e relevante no
Brasil” e que continuará buscando “dialogar com todos os brasileiros, independentemente do credo, cor e condição social”.
Com informações de O Estado de São Paulo
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