Naquele tempo meu endereço era as margens de um tanque chamado Betesda. Já fazia alguns anos que tinha trocado de endereço, desde que ouvir dizer que pessoas estavam sendo curadas ali, eu mudei de casa.
Duros foram os anos que frequentei aquele lugar cheio de pessoas vitimadas pelas mais diversas enfermidades que você pode imaginar, e eu estava entre eles.
Vez por outra a água agitava e uma multidão se jogava no tanque e depois sempre vinha o boato que alguém tinha sido curado. Eu estava há muitos anos ali, conhecia todos os outros enfermos menos os que diziam que tinha sido curados. No fundo, achava tudo isso muito estranho, mas eu não tinha pra onde ir.
Diziam que era um anjo que descia do céu e tocava com seus pés as águas e depois erguia suas asas enormes e voava de novo para o céu. Bem, achava esse anjo ruim demais para ser anjo.
Devia se tratar de um anjo que tinha asas, mas que lhe faltava coração, pois se tivesse coração ficaria entre nós para nos ajudar ao invés de voltar para o céu ou então, chegando no céu mandaria alguém voltar na terra para estar com a gente e assim não ficariamos orfãos de sua presença.
Mas foi em um sábado, durante a festa da Páscoa, em que minha vida mudou. Eu estava no lugar de sempre, olhos fitos nos movimentos das águas. Dia perfeito, já que o sábado era o dia em que o tanque tinha menos pessoas, pois muitos voltavam para casa antes do sol se pôr na sexta.
Lembro-me de uma voz mansa que fez a pergunta mais absurda que alguém já podia ter feito: me perguntou se eu queria ser curado! Eu nem fiz questão de olhar para quem me fazia uma pergunta daquela, mas ainda assim o respondi, dizendo que não tinha ninguém para me jogar no tanque. Na verdade, eu também não tinha ninguém pra me levar comida, nem mesmo para me levar para casa. Eu não tinha ninguém porque para aquela sociedade um homem como eu era ninguém.
A voz fez silêncio e depois me disse “levanta, toma tua maca e anda!”.
Eu não obedeci àquela voz, mas parece que minhas pernas obedeceram mesmo sem eu conceder. Elas se esticaram e em seguida, se firmaram.
Me levantei sem entender, sem conter lagrimas, sem adiar.
Olhei para os lados e não encontrei o homem da voz mansa e poderosa. Devia ser o anjo, devia ter erguido suas asas e voado de volta para o céu.
Parti pelas ruas de Jerusalém, ora pulava, ora corria, não conseguia acreditar. Nem lembrava que era sábado, mas logo fui abordado pelos chefes da lei, me perguntando o que eu fazia carregando aquela maca. Eu respondi que o homem que havia me curado também havia me mandado carregar e que eu, simplesmente obedeci. Afinal, mais autoridade tem quem me curou do que esses fariseus que nunca me levaram um pão.
Entrei no templo no mesmo dia. Nunca tinha entrado lá, pois o templo para eles era sagrado de mais pra gente com deficiência como eu. E foi lá no templo que a voz mansa me chamou novamente. Eu me virei e o reconheci: era como um anjo, lhe sobrava coração, mas lhe faltava asas
Fonte Gospel Mais
Duros foram os anos que frequentei aquele lugar cheio de pessoas vitimadas pelas mais diversas enfermidades que você pode imaginar, e eu estava entre eles.
Vez por outra a água agitava e uma multidão se jogava no tanque e depois sempre vinha o boato que alguém tinha sido curado. Eu estava há muitos anos ali, conhecia todos os outros enfermos menos os que diziam que tinha sido curados. No fundo, achava tudo isso muito estranho, mas eu não tinha pra onde ir.
Diziam que era um anjo que descia do céu e tocava com seus pés as águas e depois erguia suas asas enormes e voava de novo para o céu. Bem, achava esse anjo ruim demais para ser anjo.
Devia se tratar de um anjo que tinha asas, mas que lhe faltava coração, pois se tivesse coração ficaria entre nós para nos ajudar ao invés de voltar para o céu ou então, chegando no céu mandaria alguém voltar na terra para estar com a gente e assim não ficariamos orfãos de sua presença.
Mas foi em um sábado, durante a festa da Páscoa, em que minha vida mudou. Eu estava no lugar de sempre, olhos fitos nos movimentos das águas. Dia perfeito, já que o sábado era o dia em que o tanque tinha menos pessoas, pois muitos voltavam para casa antes do sol se pôr na sexta.
Lembro-me de uma voz mansa que fez a pergunta mais absurda que alguém já podia ter feito: me perguntou se eu queria ser curado! Eu nem fiz questão de olhar para quem me fazia uma pergunta daquela, mas ainda assim o respondi, dizendo que não tinha ninguém para me jogar no tanque. Na verdade, eu também não tinha ninguém pra me levar comida, nem mesmo para me levar para casa. Eu não tinha ninguém porque para aquela sociedade um homem como eu era ninguém.
A voz fez silêncio e depois me disse “levanta, toma tua maca e anda!”.
Eu não obedeci àquela voz, mas parece que minhas pernas obedeceram mesmo sem eu conceder. Elas se esticaram e em seguida, se firmaram.
Me levantei sem entender, sem conter lagrimas, sem adiar.
Olhei para os lados e não encontrei o homem da voz mansa e poderosa. Devia ser o anjo, devia ter erguido suas asas e voado de volta para o céu.
Parti pelas ruas de Jerusalém, ora pulava, ora corria, não conseguia acreditar. Nem lembrava que era sábado, mas logo fui abordado pelos chefes da lei, me perguntando o que eu fazia carregando aquela maca. Eu respondi que o homem que havia me curado também havia me mandado carregar e que eu, simplesmente obedeci. Afinal, mais autoridade tem quem me curou do que esses fariseus que nunca me levaram um pão.
Entrei no templo no mesmo dia. Nunca tinha entrado lá, pois o templo para eles era sagrado de mais pra gente com deficiência como eu. E foi lá no templo que a voz mansa me chamou novamente. Eu me virei e o reconheci: era como um anjo, lhe sobrava coração, mas lhe faltava asas
Fonte Gospel Mais
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