O governo extremista do Irã transmitiu recentemente nas TVs do país um novo vídeo de recrutamento focado nos adolescentes. A esperança é que eles se alistem voluntariamente para a guerra na Síria e no Iraque.
Desde o início da guerra civil que se arrasta há mais de quatro anos na Síria e no Iraque, o Irã está apoiando o presidente Bashar Assad, seu aliado. Mais de 400.000 pessoas morreram nesta guerra que mudou a configuração do Oriente Médio e impulsionou a popularidade do Estado Islâmico, que procura dominar a região e também faz ameaças a Israel.
O clipe mostra adolescentes e crianças cantando uma canção chamada “Mártires que defendem o santuário sagrado.” Enquanto eles cantam, surgem imagens de jovens portando armas e sendo submetidos a treinamento militar. No final, fica claro que o objetivo após o final da guerra síria é “libertar Jerusalém”.
“Vamos nos levantar para salvar o santuário sagrado”, diz a letra. “Eu me juntei à divisão do exército de [Imã] Hossein. Tenho um mandado de [Imã] Ali para defender o santuário sagrado. Pelas ordens do meu líder [aiatolá] Khamenei estou pronto para dar minha vida. Meu objetivo não é apenas para libertar o Iraque e a Síria. Meu caminho é pelo santuário sagrado [na Síria], mas meu objetivo é chegar até Jerusalém”.
Este não é o primeiro vídeo dos radicais iranianos sobre os planos de invadir “Al Quds” – literalmente, “a santa”, nome dados pelos muçulmanos a Jerusalém. No ano passado, uma animação computadorizada defendia a união de todos os seguidores de Maomé para a “destruição inevitável” de Israel.
Com o fim do embargo e o apoio dos EUA, o Irã voltou a investir em armamentos e divulgou que possui mísseis Qadr H que trazem a inscrição: “Israel deve ser varrido da Terra”. Essa frase foi dita em outras ocasiões pelo aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país.
Para melhor entender a letra desse “hino” cantado pelos adolescentes iranianos, é preciso lembrar que existem profecias islâmicas em um livro chamado Al-Jafr, atribuído ao Imã Ali ibn abi Taleb.
Segundo ele, após o governante da Síria ser morto numa guerra, um grande califa assumirá o poder. Ele comandará uma campanha militar que culminará na conquista de Jerusalém, marcando o início de uma nova era global.
Exército infantil
Embora não sejam citadas nessa profecia, a presença de adolescentes em batalhas muçulmanas não é novidade. Segundo a tradição do Oriente Médio, um menino com 13 anos já é considerado “homem” e está apto para lutar.
Na história do Irã, crianças e adolescentes participaram diretamente da guerra Irã-Iraque. Na década de 1980, as forças Basij eram formadas por crianças e adolescentes ou até por idosos (alguns com mais de 70 anos). Estima-se que 95.000 “crianças soldado” foram mortas ou feridas gravemente neste conflito.
O aiatolá Matthias Kuntzel, analista político alemão denunciou ao mundo que durante a guerra contra o Iraque, o aiatolá Khomeini comprou 500.000 chaves de plástico que tinham o significado simbólico de “abrir as portas do paraíso”.
Elas eram penduradas nos pescoços de crianças a partir de doze anos de idade. Os meninos eram envolvidos em lençóis e iriam rolando pelo chão em campos minados. Ao explodindo os próprios corpos e deixando a passagem livre para os soldados iranianos.
Com informações de Jerusalém Post
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