"Foi um inferno na Terra, estou vivo por um milagre", afirmou Jacy Lima de Oliveira o ex-presidiário da antiga Casa de detenção Carandiru, atualmente pastor evangélico, sobrevivente do massacre que deixou 111 mortos em 2 de outubro de 1992.
"Eu sobrevivi, eu vi a história, eu pisei em sangue que dava quase na canela, e isso não é exagero, não! Ouvi gritos que até hoje ecoam na minha mente".
A entrevista que foi realizada no atual parque da Juventude, construído após a implosão dos pavilhões do Carandiru inaugurado em 2003, levou o atual pastor a momentos de alegria e de tristeza.
"Quando venho aqui eu me sinto livre, feliz de estar vivo. E me sinto também muito triste por saber que aqui morreu muita gente, e que os crimes estão impunes”.
“Na verdade isso aqui é um tapete em cima de um grande montão de sujeira", afirmou.
Jacy comentou que no dia em que o massacre aconteceu era o seu dia de fazer a comida na cela, ao sair para procurar óleo. Antes do fim do período de banho de sol viu uma aglomeração estranha no segundo andar, uma briga entre presos.
Ele comenta que quando os presos decretaram a rebelião todos começaram a quebrar objetos, “Tocaram fogo em toda papelada da justiciária, quebraram os espelhos da barbearia (...)”, eles esperavam a tropa de choque entrar na prisão.
"Quando foi 18h, se viu pela televisão as aglomerações no portão. Só que não só entrou o Choque, entrou o Gate [Grupo de Ações Táticas Especiais] e a Rota [Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar]. Na minha concepção, eles entraram para matar, não para apaziguar, acabar com a rebelião", comentou Jacy.
Jacy acredita que mais de 111 pessoas detentos morreram, contradizendo os números oficiais divulgado por autoridades. "Até hoje tem família procurando os filhos no sistema carcerário", diz ele.
"Eu tive um privilégio, que tenho pra mim como um milagre, porque muitos que passaram ali, como eu, morreram a facada, a tiro a queima roupa na cabeça. Eu passei no corredor da morte duas vezes. Descendo em direção ao patio e voltando. Subiram na minha frente umas 80 pessoas e eu ouvi o grito da morte delas."
De acordo com publicação G1, Jacy foi para o maior presídio da América Latina aos 27 anos, suspeito de um roubo a uma mansão no Morumbi, que alega não ter participado.
"Fiquei 11 meses e quatro dias preso. Nesse tempo fui seis vezes ao Fórum. Nunca provaram nada contra mim nesse caso", afirmou o atual pastor.
O pastor entrou na justiça com uma ação contra o Estado por ter ficado preso sem condenação e, segundo ele, ganhou em primeira e segunda instâncias, e agora aguarda a liberação da indenização.
O atual pai de dez filhos, Jacy publica neste mês um livro com seu relato do massacre com título, "Eu sobrevivi para testemunhar o massacre do Carandiru".
CP
"Eu sobrevivi, eu vi a história, eu pisei em sangue que dava quase na canela, e isso não é exagero, não! Ouvi gritos que até hoje ecoam na minha mente".
A entrevista que foi realizada no atual parque da Juventude, construído após a implosão dos pavilhões do Carandiru inaugurado em 2003, levou o atual pastor a momentos de alegria e de tristeza.
"Quando venho aqui eu me sinto livre, feliz de estar vivo. E me sinto também muito triste por saber que aqui morreu muita gente, e que os crimes estão impunes”.
“Na verdade isso aqui é um tapete em cima de um grande montão de sujeira", afirmou.
Jacy comentou que no dia em que o massacre aconteceu era o seu dia de fazer a comida na cela, ao sair para procurar óleo. Antes do fim do período de banho de sol viu uma aglomeração estranha no segundo andar, uma briga entre presos.
Ele comenta que quando os presos decretaram a rebelião todos começaram a quebrar objetos, “Tocaram fogo em toda papelada da justiciária, quebraram os espelhos da barbearia (...)”, eles esperavam a tropa de choque entrar na prisão.
"Quando foi 18h, se viu pela televisão as aglomerações no portão. Só que não só entrou o Choque, entrou o Gate [Grupo de Ações Táticas Especiais] e a Rota [Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar]. Na minha concepção, eles entraram para matar, não para apaziguar, acabar com a rebelião", comentou Jacy.
Jacy acredita que mais de 111 pessoas detentos morreram, contradizendo os números oficiais divulgado por autoridades. "Até hoje tem família procurando os filhos no sistema carcerário", diz ele.
"Eu tive um privilégio, que tenho pra mim como um milagre, porque muitos que passaram ali, como eu, morreram a facada, a tiro a queima roupa na cabeça. Eu passei no corredor da morte duas vezes. Descendo em direção ao patio e voltando. Subiram na minha frente umas 80 pessoas e eu ouvi o grito da morte delas."
De acordo com publicação G1, Jacy foi para o maior presídio da América Latina aos 27 anos, suspeito de um roubo a uma mansão no Morumbi, que alega não ter participado.
"Fiquei 11 meses e quatro dias preso. Nesse tempo fui seis vezes ao Fórum. Nunca provaram nada contra mim nesse caso", afirmou o atual pastor.
O pastor entrou na justiça com uma ação contra o Estado por ter ficado preso sem condenação e, segundo ele, ganhou em primeira e segunda instâncias, e agora aguarda a liberação da indenização.
O atual pai de dez filhos, Jacy publica neste mês um livro com seu relato do massacre com título, "Eu sobrevivi para testemunhar o massacre do Carandiru".
CP
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