O zika é um vírus da família Flaviviridae, do gênero Flavivirus, transmitido pela picada no mosquito Aedes aegypti. (Foto: UOL)
O Brasil já registrou pelo menos 1.761 casos suspeitos de microcefalia em 13 Estados e no Distrito Federal este ano — número dez vezes maior do que a média de notificações anuais no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.
O zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti — transmissor também do vírus da dengue e da febre chikungunya — vem causando preocupação na população.
A doença tem sintomas parecidos com a dengue, mas em intensidades diferentes. No entanto, os infectologistas concluem que ainda há necessidade de se estudar mais o vírus, depois de comprovada a ligação do zika com a microcefalia.
O Brasil já registrou pelo menos 1.761 casos suspeitos de microcefalia em 13 Estados e no Distrito Federal este ano — número dez vezes maior do que a média de notificações anuais no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.
Não há dados exatos do total de casos de zika no país, já que a doença não apresenta sintomas na maioria dos casos. No entanto, estima-se que pelo menos 500 mil pessoas foram infectadas com o vírus no país somente em 2015.
Diagnóstico
Ainda não há kits de diagnóstico para o zika no sistema público, no entanto, o Instituto Adolfo Lutz está desenvolvendo o teste que estará pronto nas "próximas semanas", segundo a Secretaria de Estado da Saúde. Na rede privada, o laboratório Hermes Pardini oferece o teste para o vírus zika no valor de R$ 500. O Fleury deve começar a oferecer o exame em até dez dias.
Até o momento, o diagnóstico tem sido feito pelos sintomas clínicos. No entanto, método é impreciso, já que a dengue, o zika e o chikungunya têm sintomas muito parecidos. Alguns testes foram feitos também para identificar o material genético do vírus no sangue dos pacientes. Contudo, esse exame é caro, demorado e restrito, pois só é capaz de detectar o vírus até o 5° dia de sintomas.
Veja as principais dúvidas e respostas relacionadas à doença, esclarecidas pelos infectologistas Ana Freitas Ribeiro, do Hospital Emílio Ribas, e Érico Arruda, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia ao site UOL.
Saiba mais sobre zika e microcefalia
O que é o vírus zika?
O zika é um vírus da família Flaviviridae, do gênero Flavivirus, transmitido pela picada no mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite os vírus da dengue e do chikungunya. Há duas linhagens de zika, uma de origem africana e outra de origem asiática, a última predominante no Brasil.
Quais são os sintomas do zika?
Em cerca de 80% dos casos não há sintomas, mas quando eles surgem são praticamente os mesmos que os da dengue: febre, dores e manchas pelo corpo, olhos vermelhos e diminuição no número de plaquetas no sangue. No zika, a vermelhidão e as manchas no corpo são mais acentuadas, na dengue as dores no corpo costumam ser mais fortes e no chikungunya há fortes dores articulares.
O zika é passado pelo sexo ou pelo leite materno?
O vírus é transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti. Há casos de identificação do vírus no leite materno e no sêmen, no entanto são considerados raros e a doença não é tida como sexualmente transmissível.
Tem tratamento para o zika?
Não. Assim como na dengue, os sintomas são tratados com remédios para dor e para diminuir a febre, já que os sintomas somem em sete dias, em média.
Como prevenir o zika?
Elimine focos de água parada em casa e no trabalho, onde as larvas do Aedes aegypti crescem e viram mosquitos. Use mosquiteiros, calças e mangas compridas em locais com muitos mosquitos e permita a entrada de agentes da vigilância sanitária para destruir focos com inseticidas e larvicidas.
Já tive dengue. Tenho menos chance de ter zika?
Por serem vírus diferentes, há relatos de pessoas que contraíram tanto a dengue como o zika. Até o momento, os cientistas acreditam que o humano não fica imune ao zika depois de contrair dengue. Ainda não se sabe se a pessoa se torna imune ao zika após contrair a doença uma vez.
Existe uma vacina contra o zika?
Por enquanto não. O processo para a criação de uma vacina é muito longo, haja vista que a própria vacina da dengue ainda está na fase de testes clínicos.
Crianças e adultos com zika podem sofrer sequelas neurológicas?
Ainda não se sabe. Já foi comprovada que a infecção pelo zika em gestantes tem correlação com a microcefalia. Cientistas suspeitam que o vírus possa atingir o sistema neurológico, aumentando o risco de doenças autoimunes como a síndrome de Guillain-Barré.
Há exames que comprovam o zika?
O exame mais utilizado para diagnosticar o zika é o PCR (Reação de cadeia de polimerase), usado para detectar dengue no material genético e que pode indicar zika por exclusão. Neste exame o zika só é detectado em até 5 dias após a contaminação. Caso alguém faça o teste depois, não será detectado o zika. O teste no entanto é caro e restrito.
O aumento de casos de microcefalia no Brasil é causado pelo vírus zika?
O Ministério da Saúde confirmou a relação entre o vírus zika e o surto de microcefalia na região Nordeste, após resultado de exame de um bebê cearense, que nasceu com microcefalia e outras más-formações congênitas, ter apresentado o vírus zika em amostras de sangue e tecidos. Essa é uma situação inédita na pesquisa científica mundial. Em análise inicial, o risco está associado aos primeiros três meses de gravidez.
O que é a microcefalia?
A microcefalia é uma má-formação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Neste caso, os bebês nascem com o tamanho da cabeça menor que o normal, que habitualmente é superior a 32 cm. A doença pode acarretar problemas no desenvolvimento, com limitações para falar, andar, escutar, e ainda algum grau de deficiência mental.
Quais as causas da microcefalia?
A má-formação congênita pode ser efeito de uma série de fatores de diferentes origens, como uso de substâncias químicas e agentes biológicos (infecciosos), como bactérias, vírus e radiação durante a gravidez.
Como as grávidas podem se prevenir contra o zika?
Use repelentes, roupas de manga comprida e evite acumular água parada em casa ou no trabalho. Não use remédios sem prescrição e faça um pré-natal qualificado, com todos os exames previstos. Procure um médico se sentir qualquer um dos sintomas apontados e se pretende viajar para áreas endêmicas.
Qual período da gestação é mais suscetível à ação do vírus?
As gestantes cujos bebês desenvolveram a microcefalia tiveram sintomas do vírus zika no primeiro trimestre da gravidez. Mas o cuidado para não entrar em contato com o mosquito Aedes aegypti é para todo o período da gestação.
Qual o tratamento para a microcefalia?
Não há tratamento específico. Existem ações de suporte que podem auxiliar no desenvolvimento do bebê e da criança. Como cada criança desenvolve complicações diferentes — entre elas respiratórias, neurológicas e motoras — o acompanhamento por diferentes especialistas vai depender de suas funções que ficarem comprometidas. No SUS (Sistema Único de Saúde) estão disponíveis serviços de atenção básica e de reabilitação, além de exames e colocação de órteses e próteses.
É possível detectar a microcefalia apenas com ultrassonografia?
Sim. No entanto, somente o médico que está acompanhando a grávida poderá indicar o método de imagem mais adequado.
Como é feito o diagnóstico da microcefalia?
Após o nascimento do recém-nascido, o primeiro exame físico é rotina nos berçários e deve ser feito em até 24 horas do nascimento. Este período é um dos principais momentos para se realizar busca ativa de possíveis anomalias congênitas. Por isso, é importante que os profissionais de saúde fiquem sensíveis para notificar os casos de microcefalia no registro da doença no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc). A má-formação pode, ainda, ser confirmada com exame de tomografia.
A microcefalia pode matar ou deixar sequelas no bebê?
Cerca de 90% das microcefalias estão associadas com retardo mental, exceto nas de origem familiar, que podem ter o desenvolvimento cognitivo normal. O tipo e o nível de gravidade da sequela vão variar caso a caso. Tratamentos realizados desde os primeiros anos melhoram o desenvolvimento e a qualidade de vida.
Guiame
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