Não sou apolítico — aliás, ninguém o é, posto que até os contrários aos políticos estão fazendo política de oposição! Como cidadão, tenho procurado votar em candidatos portadores de boa fama e que apresentam projetos exequíveis. Mas abomino algumas práticas adotadas em campanhas eleitorais, especialmente no meio evangélico. Causa-me ojeriza o comportamento de líderes que negociam o inegociável para obter favores dos candidatos.
A cada ano eleitoral, vemos homens de Deus se desviando do Caminho por causa de certos favores desfavoráveis ao Evangelho. E tenho observado que alguns organizadores de megaeventos evangélicos (evangélicos?) estão se vendendo por “pratos de lentilha”. Reconheço que a maioria das igrejas necessita de ajuda, especialmente para os eventos de grande porte. E não compete a mim especular sobre a origem dos recursos para pagamento das despesas de eventos. Mas é lamentabilíssimo o fato de certos candidatos terem o poder de interferir nas programações das igrejas, determinando inclusive quais serão os pregadores e cantores de uma festividade.
Se a verdade do Evangelho é inegociável, ela não pode ser vendida nem por todo o dinheiro do mundo! Mas é isso que vem acontecendo. Há pregadores e cantores contratados a peso de ouro para dizer o que os seus patrocinadores (candidatos a cargos públicos) desejam que o povo ouça. Eles não têm compromisso com a Palavra (2 Tm 4.1-5). A sua missão principal não é pregar a verdade, e sim dizer palavras iludentes e fazer menções honrosas aos que os compraram, induzindo os incautos a votarem neles.
Em ano de eleições, os pregadores que verdadeiramente ministram a Palavra de Deus e os cantores que louvam ao Senhor de verdade precisam estar preparados para algumas decepções e surpresas desagradáveis. Recentemente, tive um compromisso desmarcado em cima da hora por causa de politicagem! Depois de confirmado o agendamento pela igreja, certo candidato (que de cândido não tem nada!) interveio e praticamente obrigou o pastor a trocar de preletor. Isso porque este expoente não tinha o perfil desejado: não estava disposto a elogiá-lo publicamente em troca de “benefícios para alavancar o seu ministério”.
Líderes que ficam na mão de políticos só pensam em juntar gente para ganhar dinheiro e popularidade. Não têm cuidado de si mesmos e da doutrina (1 Tm 4.16), tampouco se importam com as heresias e os maus costumes disseminados por super-pregadores e adoradores-ídolos. Realizam showmícios, em detrimento dos cultos de louvor a Deus. Reúnem multidões, não para ouvir a verdade; são amantes do dinheiro (1 Tm 6.10). Mas o Senhor não tem nenhum compromisso com eles. Ele prioriza a verdade, mesmo que ela seja observada por poucos (Jo 6.60-69).
Deixo aqui um conselho aos líderes evangélicos: Se vocês não tiverem condições de convidar pregadores e cantores de renome nacional ou internacional, usem as pratas da casa. Não fiquem na mão dos políticos! Não façam o que eles querem. Não negociem o inegociável. Não permitam que esses enganadores façam “de vós negócio com palavras fingidas” (2 Pe 2.3).
Ciro Sanches Zibordi
Pastor, Ensinador, Escritor, Articulista e Membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil e da Casa de Letras Emílio Conde
O Galileu.
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