A dupla de líderes religiosos que desobedeceu a legislação eleitoral e pediu votos durante um culto da Assembleia de Deus Madureira em Campinas (SP) foi multada em R$ 14 mil pela Justiça.
Leonice da Paz (PMDB), candidata a vereadora apoiada pela denominação, e o pastor Thiago Sans foram multados por propaganda irregular. A pleiteante deverá pagar R$ 6 mil, e o pastor, R$ 8 mil. Ambos já recorreram da decisão.
A multa foi aplicada após um vídeo ser tornado público mostrando que ambos usaram o culto para estimular os fiéis a decorarem o número da candidata e também para recomendar o voto em Leonice.
“Quantas igrejas já perdemos, foram fechadas e lacradas porque não tivemos quem defendesse a nossa causa? Então, em função disso, Deus deu uma direção ao nosso líder, ao nosso pastor e neste ano, no dia 2 de outubro, nós já temos algo determinado por Deus e pela nossa liderança. Nós vamos daqui até lá fazer 15.444 orações. Diga 15.444”, disse o religioso, na ocasião.
A legislação em vigor permite ao candidato assistir ao culto, mas proíbe terminantemente pedir votos ou fazer qualquer tipo de propaganda, direta ou indireta.
A candidata argumentou em sua defesa que não deveria ser punida pois ela não tinha controle sobre o que Sans falaria e que foi um fato isolado. Já o pastor afirmou que “a conduta perpetrada não seria passível de sanção por ser mínimo o seu potencial lesivo, que somente seria punível em caso de abuso”.
No entanto, o juiz eleitoral Renato Siqueira de Pretto destacou que as imagens evidenciam o esforço de promoção de Leonice junto aos fiéis: “Há, como se vê, um conjunto de fatores que impede que não se enxergue um autêntico discurso de propaganda eleitoral”, sentenciou.
Pretto ponderou ainda que a candidata é tão responsável quanto o pastor, porque além de ter aplaudido seu discurso, também usou o microfone para falar durante o culto. O valor mais alto da multa para Sans se deu porque ele “usou de sua autoridade para trazer os fiéis ao teatro, obrigando-os a repetirem o número da beneficiária”.
Leonice da Paz afirmou ao portal Uol que o pastor se animou um pouco em sua forma de se expressar: “Não houve má fé, ele não agiu premeditadamente, apenas se empolgou um pouco”, disse a candidata, reiterando que recorreu da decisão.
“Eu sou evangélica, eu estou sempre nas igrejas. Eu sempre ministro a palavra, mas nunca pedi votos. Eu conheço a legislação, jamais faria isso”, acrescentou.
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