"Cristãos e muçulmanos são irmãos", afirma o Papa em mesquita na África

O Papa Francisco chega para visitaa mesquita de um bairro muçulmano de Bangui, capital da República Centro-Africana. (Foto: Gianluigi Guercia/AFP)

A agenda de Francisco está repleta de encontros entre lideranças de diferentes religiões e a sua simpatia tem feito avançar o movimento ecumênico ao redor do planeta.

O Papa Francisco afirmou nesta segunda-feira (30) que cristãos e muçulmanos são "irmãos" e devem rejeitar o ódio e a violência, durante uma visita à mesquita de um bairro muçulmano de Bangui, capital da República Centro-Africana.

"Cristãos e muçulmanos são irmãos e irmãs", disse o líder da Igreja Católica. "Os que clamam que acreditam em Deus também devem ser homens e mulheres de paz".

Horas depois, muçulmanos vestidos com camisas estampadas com o rosto de Francisco lotaram dois veículos, que os conduziu ao estádio de Bangui para assistir à missa ao lado do pontífice. Os islâmicos caminharam entre a multidão sendo aclamados por fiéis católicos que gritavam "o ódio acabou!".

O papa se reuniu com os líderes muçulmanos do bairro PK 5, em uma área que foi cenário de violência sectária. Ele foi recebido pelo imã Nehedi Tidjani, na presença de delegações católicas e protestantes.

O ministro das Finanças e do Orçamento, o muçulmano Abdalah Kafré Hassane, fez um apelo em favor da "coesão social" para que os "muçulmanos não sejam mais trancados em seu reduto", citando a proibição de andarem por regiões cristãs.

Enquanto isso, nas imediações da mesquita aconteceram confrontos armados entre os Seleka, milicianos de maioria muçulmana, e os Anti-Balaka, milicianos cristãos e animistas.

Para a Igreja, o conflito centro-africano é político, apesar de milícias da duas religiões se oporem.

Mauro Garofalo, da comunidade católica de Sant'Egidio, afirmou que a comunidade muçulmana esperava o papa com fervor e esperança.

Em visita ao Quênia na semana passada, o Papa Francisco afirmou que "o diálogo entre as religiões na África era essencial para ensinar os jovens que a violência em nome de Deus era injustificada".

As divisões entre muçulmanos e cristãos tem sido um dos principais temas de sua primeira viagem ao continente africano.

Ecumenismo

O Papa Francisco é um entusiasta da idéia do Ecumenismo Inter-religioso. Sua agenda está repleta de encontros entre lideranças de diferentes religiões e a sua simpatia tem feito avançar o movimento ecumênico ao redor do planeta.

Mas o que dizer do Ecumenismo Inter-religioso? O pastor Bruno dos Santos explica que o movimento ecumênico acontece paralelamente à mudança geral de valores da sociedade e tem pontos de contato com as palavras mágicas do “Ocidente cristão”: tolerância, paz, humanidade, justiça e preservação da natureza. 

"No ecumenismo, Jesus Cristo perde a sua posição de Cabeça da Igreja, pois o Vaticano diz que a mãe de todas as igrejas cristãs é a Igreja Católica Romana e que o seu cabeça é o Papa. Ele pode mudar até o que Jesus e seus apóstolos ensinaram", explica o pastor.

"O ecumenismo depõe da posição de Cristo como única fonte de salvação. Se uma igreja que crê e prega que só a Fé em Cristo é que salva, misturar-se a outra que crê e prega que algo mais é necessário para 'completar, assegurar ou garantir' a salvação, como poderão conciliar posições tão distintas?", questiona.

Guiame

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