Mais uma vez transcrevo as palavras do Bispo Hermes C. Fernandes, no texto: “Quem matou Kaique, Pastores e Gays se digladiam”, com um único propósito que é o da discussão saudável; A mesma que tem faltado no meio de um povo que deveria tê-la como primícias diante da sociedade.
Não creio em um Deus que ignora o mundo e suas questões; Creio sim, em um Deus que deu o seu filho por amar ao homem, mesmo que mergulhado em suas mazelas.Diante do que vivemos, a sociedade se entristece por não ter respostas e as vezes, também por tê-las; Enquanto isso, a igreja, ciente das respostas de Deus NÃO TEM DADO OUVIDOS a elas.
Por isso, pelos erros do mundo, pelos erros da igreja, muitos precisarão morrer para que os cegos vejam e os surdos ouçam…Parece que a igreja não se dá conta, ou ainda, se aliena, renegando essa questão; Para ela, a morte é ganha, e para o mundo, sua morte é uma consequência do pecado, apenas…
Não; A morte, foi a separação que Deus deu ao homem para que ele entendesse sua vontade. Uma “pena” que acabou em Jesus Cristo.O mais intrigante, é que o mundo tem sofrido tanto, que tem entendido de uma forma ou de outra, que mortes ocorrem para que não hajam mais mortes; Como se soubessem de todo o desejo do coração de Deus, o mundo tem aprendido com suas mortes; Sejam elas mortes físicas, ou de “alma” nessa “carnificina” de nossos dias…
Deixo abaixo, as palavras do Bispo Hermes C. Fernandes. Leia, reflita… E pense no que temos sido como Igreja…
Ou se temos sido… IGREJA.
Rogério Ribeiro.
“Quem matou Kaique? Pastores e gays se digladiam”
Por Hermes C. Fernandes.
A sociedade brasileira ficou chocada com a notícia da morte do jovem Kaique Augusto Batista dos Santos, de apenas 16 anos, na última semana em São Paulo. Além das suspeitas de suicídio, havia suspeitas de homicídio motivado por ódio devido à sua opção sexual. Kaique era homossexual. O jovem foi encontrado morto embaixo do viaduto da avenida Nove de Julho, sem os dentes e com fratura exposta na perna. A polícia tem trabalhado com duas hipóteses: os ferimentos podem ter sido feitos por agressão ou por uma queda do viaduto, e, neste caso, ele poderia ter pulado ou sido empurrado.
A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, emitiu nota comentando a tragédia e defendendo uma legislação mais dura que puna crimes de ódio e intolerância motivados por homofobia. Segundo a ministra, o número de homossexuais vítimas de homicídio tem aumentado nos últimos anos.
O caso parecia caminhar na direção da confirmação de homicídio até que a mãe de Kaique veio a público afirmando que estava convencida de que o jovem teria cometido suicídio. Ela teria chegado a esta conclusão depois de analisar o diário deixado pelo filho, conversar com seus amigos, e descobrir que seu filho estava numa depressão profunda.
Foi o bastante para que líderes evangélicos manifestassem seu descontentamento com a nota da ministra, bem como com as alegações do deputado Jean Wyllys, acusando a ala mais fundamentalista dos cristãos pelo ódio incitado aos homossexuais em seu discurso religioso.
Considerando a hipótese de suicídio, isso não diminuiria em nada a nossa responsabilidade em sermos mais cuidadosos na apresentação e defesa de nossos valores. Por que digo “mais cuidadosos”? Porque percebo certa displicência na maneira como abordamos a questão da homossexualidade. Até o tom de voz de alguns parece denotar certa ojeriza, para não dizer ódio, não apenas à prática, mas também aos que optaram por ela.
As únicas vezes em que nos deparamos com Jesus vociferando contra o pecado, o público alvo era dos fariseus e religiosos de Sua época. Com as prostitutas e marginalizados, Jesus procurava ser gentil e cordial. Ele jamais entrou num prostíbulo quebrando tudo e colocando meretrizes e clientes para correr. Mas fez isso no templo, denunciando os mercadores da fé. Os líderes atuais parecem tomar o caminho inverso. Somos extremamente cordiais uns com os outros (mesmo que alguns estejam vivendo hipocritamente), mas provocantemente insultuosos com os que vivem aquém do padrão moral que abraçamos, principalmente os homossexuais.
Faríamos bem em dar ouvidos a Jesus: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas” (Mt.11:29).
Até que ponto nosso discurso não tem servido de munição para este tipo de preconceito? Por que não pregamos também contra o pecado da discriminação? Por que classificamos a homossexualidade como pecado, ao passo que colocamos panos quentes sobre a homofobia? Isso é, no mínimo, uma incoerência inescrupulosa.
O que teria levado o jovem Kaique a cometer tal desatino? Podemos imaginar quanto bullying não sofreu? Os olhares preconceituosos? As brincadeiras de mal gosto?
Tenha sido homicídio ou suicídio, o preconceito e o ódio foram a munição que o matou.
Como cristãos, deveríamos chorar a sua morte como quem chora a morte de um filho. Chega de ficar procurando culpados ou de querer capitalizar politicamente o ocorrido. Neste caso, a carapuça serve tanto para os líderes evangélicos, quanto para a militância gay.
Se tantos outros “Kaiques” se sentissem amados em vez de rejeitados e escorraçados, talvez houvesse menos violência contra gays e suicídios. Então, vamos combinar uma coisa? Quando tratarmos de qualquer assunto que atinja a alma humana, sejamos menos raivosos e mais compassivos e amorosos. Parafraseando Jung: “Conheça toda a teologia, domine todas as doutrinas e dogmas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”
E quem também tiver pecados, que atire a primeira flor, porque de pedradas o mundo está farto.
Gospel +
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