A maior parte de nós seres humanos vive numa linha tênue se pensarmos na morte. O conceito do fim nos aterroriza nos arremete a fragilidade com que existimos e de como tudo passa.
Mas na verdade pouco percebemos, que a cada dia estamos morrendo, a cada aniversário nos aproximamos do fim, ao mesmo tempo em que comemoramos o nascimento e fazemos festa. Cada hora, minuto, segundo que passa é um a menos na linha do tempo que construímos debaixo de obstáculos, embaraços e relutâncias, circunstâncias que depois de auferidas dizemos que fomos perseverantes.
Também não percebemos que com cada desafio superado um pedaço de nós fica ali nos destroços, e com isso começam a surgir marcas, algumas intrínsecas, outras extrínsecas e visíveis como as marcas de expressão impressa em nosso rosto, e a esses sinais chamamos de experiência.
Nossa vida é construída de momentos, pessoas, lugares e assim por diante, toda vez que um momento é deixado para trás, que alguém se vai, que nos mudamos, inevitável e inconscientemente parte de nós está morrendo, a isso chamamos nostalgia, saudosismo.
Quando construímos sonhos que nunca passarão de devaneios, utopias ou no mínimo a projeção de um futuro ideal, e vemos cada detalhe se esvair por entre as poeiras do tempo, e de camarote observarmos nossas aspirações se diluindo entre casos e acasos, da mesma forma parte de nós vai junto, morremos, e assim denominamos frustração.
E após tudo isso, após algum tempo encontramos a morte de verdade, sentimos canseira e enfado, e ai tomamos consciência de que já estávamos mortos há muito, muito tempo, entendemos que cada situação vivida levou um pedaço de nós, e tudo o que nos resta agora é um pedaço de carcaça que teima em ficar de pé, como definiu Moisés:
“Os dias da nossa vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta; neste caso, o melhor deles é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós voamos.” Sl 90:10.
Talvez por isso Salomão dissesse que tudo é vaidade e correr atrás do vento, que tudo não passava de ilusão. (Ec 1:2).
Alguém escreveu: "Você possui apenas aquilo que não perderá com a morte; tudo o mais é ilusão." Esse pode ser o segredo da vida, e se for ai está a explicação do porque muitos de nós estão mortos mesmo ainda possuindo fôlego de vida em seus corpos. Acho que nos esquecemos do que disse Jesus:
“Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?” (MT 6:25). Ou ainda: “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” (Jo 16:33).
Talvez devêssemos cuidar, zelar e viver em função da única coisa que a morte não conseguirá tirar de nós, pois, quando tudo terminar e nem mesmo a matéria subsistir, “após a morte seguirá o juízo”. “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo...” Hb 9:27.
Pr Paulo Fernandes.
Igreja Evangélica Presbiteriana Ebenezer Araçatuba/SP..
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