Juiz canadense nega status de religião a seita que
acredita que Jesus fazia uso da substância
Um juiz do Tribunal Federal do Canadá não aceitou o pedido de reconhecimento do uso de maconha com fins religiosos.
Christopher Bennett afirma ser sacerdote da “Igreja do Universo”,
grupo sectário que acredita que a cannabis sativa (nome científico da
maconha) é a “árvore da vida.” Ele tenta provar na justiça que as leis
do Canadá desrespeitam os seus direitos religiosos.
Em sua detalhada decisão, num processo com 21 páginas, o juiz Michel
Shore disse que Bennett não conseguiu provar que o consumo de maconha
“tem qualquer ligação com a religião.” “Mesmo que o requerente alegue
que sua prática é baseada na crença de que a cannabis é a árvore da
vida, isso, por si só, não a torna uma prática religiosa”, escreveu o
juiz.
Em uma entrevista recente, Bennett, 49, disse que vem usando maconha
como um sacramento religioso por mais de 20 anos. Ele é um
ex-”hippie-surfista” de Vancouver Island, que começou a fumar maconha
quando tinha 12 anos.
Em 1990, entrou para uma seita chamada “Igreja do Universo”, depois
de entender que a maconha lhe deu uma “revelação” de que a cannabis era a
árvore da vida mencionada no Livro do Apocalipse.
“Foi um momento crucial em minha vida”, disse ele. “Não é apenas um
chamariz. Ao ingerir cannabis, compartilhamos de uma consciência
coletiva, o que é um aspecto de Deus. Essa é uma crença comum em
inúmeras tradições místicas.”, defende-se Bennet , que diz ser um
estudioso do assunto. Ele já escreveu três livros sobre o uso de
cannabis em várias religiões e na história antiga e ele atua como um
juiz em concursos que medem a qualidade de cannabis em vários lugares do
mundo.
Ele é o dono da Urban Shaman, uma loja de Vancouver que vende “plantas mágicas e sagradas”, e faz participações no site, Pot.TV, que divulga vídeos relacionados à maconha.
Bennett começou seu confronto com o governo em fevereiro de 2009,
quando escreveu ao ministro da Saúde alegando ser de “interesse público”
na Lei de Substâncias Controladas a inclusão do uso da maconha por
motivos religiosos. Seu pedido foi negado. Foi então que ele apelou para
o Tribunal Federal para pedir uma segunda opinião.
Em sua decisão, o juiz Shore concluiu que o consumo de maconha era
uma “opção de vida” secular, que não podia ser protegido pela legislação
canadense sobre a liberdade de religião. O juiz reconhece que Bennett
apresentou evidências volumosas sobre o uso religioso de cannabis ao
longo da história, citando as práticas de uso da maconha pelos
rastafaris e etíopes coptas, mas que essas informações eram
“irrelevantes”.
O que precisava ser relevante, disse Shore, era saber se poderia
comprovar que o uso de maconha pode ser ligado a um sistema abrangente
de fé e adoração. Neste ponto, afirmou o juiz, Bennett não produziu
“quase nenhuma evidência” para mostrar uma conexão. Seu único argumento
foi dizer, repetidas vezes, que isso lhe ajuda a “conectar-se com o
divino.”
Os dois acadêmicos que Bennett apresentou como suas testemunhas
também não puderam oferecer nenhuma evidência relevante, finalizou o
juiz.
Bennett tentou argumentar que sua liberdade e direitos de igualdade
seriam violados se ele não recebesse a isenção, lembrando que alguns
canadenses podem ter acesso legalmente a maconha por razões médicas.
Além disso, usuários de drogas injetáveis em Vancouver podem fazer uso
delas em locais determinados pelo governo como o Insite.
A palavra final do juiz foi que essas exceções foram concedidas
porque protegem a saúde e a segurança pública, nada tendo a ver com
religião. Coincidentemente, o juiz Michale Shore também escreveu livros
sobre religiões e espiritualidade.
Bennett e a Igreja do Universo não se deram por vencidos e vão apelar novamente da decisão.
“É claramente uma discriminação religiosa”, disse ele, citando que no
Google as palavras “Jesus” e “cannabis”, aparecem juntas em milhares de
links. Um dos ensinamentos da Igreja é que a Bíblia se refere à
cannabis em várias passagens, como Êxodo 30:23, que fala do óleo da
unção dos sacerdotes. Para eles, a tradução mais correta do termo
“Kaneh-Bosum” não é “cálamo”, mas sim “cânhamo”, outro nome da cannabis.
Em seus escritos, a Igreja do Universo defende que usar cannabis é
parte do ensinamento bíblico e que as propriedades curativas da planta
são inegáveis. Para a seita, como o óleo da unção continha cannabis em
sua composição, foi usado por Jesus e depois pelos apóstolos quando
oravam por cura e ungiam os doentes.
Traduzido e Adaptado por Gospel Prime de National Post e Cannabis Culture
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