28ª fase da Lava-Jato mostra que dinheiro foi para Paróquia São Pedro, no DF
Desde que foi deflagrada a operação Lava-Jato, pelo Ministério Público e a Polícia Federal, que o Brasil se acostumou a ver pessoas sendo presas, saber sobre desvio de dinheiro público na casa dos bilhões e repasses de propina vindos de empresas.
Em julho de 2015, divulgou-se que as empresas do lobista Júlio Camargo entregaram R$ 125 mil a uma igreja de Campinas (SP), ligado ao ministério Assembleia de Deus Madureira, por indicação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
Nesta terça (13), a 28ª fase da Lava-Jato prendeu o ex-senador Gim Argello (PTB/DF) e divulgou que a igreja católica que ele frequenta recebeu R$ 350 mil de dinheiro fruto de propina. As evidências apontam que Argello recebeu ilegalmente R$ 5,35 milhões das empreiteiras UTC e OAS.
A empreiteira OAS fez o depósito nas contas da Paróquia São Pedro, em Taguatinga, no Distrito Federal. O montante foi para uma conta do Banco Itaú, mantida pela paróquia para sustentar um Centro de Apoio ao Tratamento de Alcoolismo.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o valor destinado a Argello foi repassado por José Aldemário Pinheiro Filho, diretor da OAS. Era parte do que foi cobrado pelo ex-senador para não chamar integrantes da empreiteira para depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras. Em 2014, Argello era vice-presidente da CPMI.
Questionada pelo MPF, um representante da paróquia confirma que foi pediu ajuda ao ex-senador Gim Argello. O dinheiro seria para o evento “Festa de Pentecostes”, realizado em 2014. Além do depósito de R$ 350 mil feito pela empreiteira a pedido do político, outras construtoras fizeram grandes doações.
Uma delas foi a Andrade Gutierrez, já envolvida em outras fases da operação. A empresa deu R$ 300 mil, através do ex-governador Agnelo Queiroz (PT), que tem problemas com a justiça. Às autoridades, a paróquia revela que sempre recebeu doações para custeio de despesas. O dinheiro que sobrava seria investido no centro de apoio. Não há nenhum indício de culpa dos líderes da igreja.
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