"Eles atiravam nos cristãos e gritavam 'Alá é grande", diz garoto sobre Estado Islâmico


Mina Habib (esquerda) mostra a foto de seu pai, ao lado de sua mãe (direita). (Foto: Reuters)



O garoto Mina Habib, de 10 anos, testemunhou a morte do próprio pai, assassinado pelo Estado Islâmico em um atentado que matou 29 cristãos, no Egito.

Um estudante egípcio de 10 anos, que testemunhou o assassinato brutal do próprio pai por militantes do Estado islâmico, em Minya, onde 29 cristãos foram mortos em maio deste ano (2017), relatou que os jihadistas gritaram "Alá é Grande" toda vez que eles atiravam contra aquelas vítimas.

Mina Habib disse à Reuters em uma matéria publicada nesta terça-feira (20), que seu pai, um dos 29 cristãos coptas massacrados em 26 de maio, quando o Estado Islâmico atacou três veículos em seu caminho para um mosteiro, foi morto especificamente por causa de sua fé cristã.

"Nós vimos pessoas mortas, simplesmente jogadas no chão", disse o menino sobre o ataque. Agora está recebendo apoio e tratamento terapêutico em uma igreja local.

"Eles pediram que meu pai se identificasse e mandaram que ele recitasse a profissão de fé islâmica. Ele recusou e disse que era cristão. Então eles atiraram nele e em todos os outros que estavam no carro", disse ele sobre seu pai, Adel.

Mina disse que os 15 homens armados também mataram crianças cristãs, mas ele e seu irmão mais velho, Marco, conseguiram escapar.

Três veículos foram atacados naquele dia, sendo um deles um ônibus, que transportava crianças e famílias - que se tornaram os primeiros alvos dos terroristas.

Os jihadistas teriam disparado pelas janelas e também pegaram as jóias das mulheres, além de perguntarem às vítimas se eram cristãs, antes de matá-las.

"Eles nos viram na parte de trás do ônibus. Eles nos fizeram descer e um homem de roupa camuflada apontou sua arma para nós. Toda vez que eles atiravam em alguém gritavam 'Alá é grande", acrescentou o garoto de 10 anos.

Ele também disse que os radicais tinham sotaque egípcio e a maioria deles estava usando máscaras.

O assassinato dos 29 cristãos foi o mais recente atentado contra a comunidade copta de minoria do Egito, que tem sido aterrorizada por radicais islâmicos há anos, enquanto os ataques aumentam com a ascensão do Estado Islâmico na região.

Após este ataque mais recente, os coptas afirmaram que "se orgulham" de morrer por sua fé, desafiando o IS.

"Nós nos orgulhamos de morrer, enquanto estamos defendendo a nossa fé", disse o bispo Makarios, o principal clérigo ortodoxo copta em Minya, no mês de maio.

Milhares de coptas choraram pelas vítimas do ataque contra o ônibus e expressaram seu sofrimento e raiva nos funerais.

"Com sangue e alma, nós te defendemos, oh cruz!", gritaram os coptas na Igreja da Sagrada Família, na aldeia de Dayr Jarnous. "Não há outro Deus senão o nosso Deus e o Messias é Deus!".

Ao mesmo tempo, no entanto, eles pediram ao presidente Abdel Fattah al-Sisi para cumprir sua promessa de protegê-los e aumentar o apoio às famílias das vítimas.

Guiame

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