Desde quando religião prejudica o desempenho no futebol?

Crença atrapalha no desempenho profissional de alguém? Na opinião do jornalista Marcelo Carneiro da Cunha, sim, pelo menos no futebol.

Semana passada ele publicou um artigo entitulado 'Religião demais no grande vestiário brasileiro' no blog Zagueiro, no portal Terra. No texto, Cunha se mostra contra o comportamento religioso de atletas e atribui o mau desempenho da seleção de Dunga ao excesso de rezas e orações do grupo.

Marcelo chega a comparar ironicamente os jogadores evangélicos a uma espécie de roedores. "Aqueles jogadores, mãozinha pra cima e dízimo em dia, me lembram disso, estimados leitores. Lemingues, entrando em campo e indo a lugar nenhum"

Leia alguns trechos do artigo do jornalista:

Estimados leitores, não sei o que vocês sentem na hora em que mais um jogador brasileiro entra em campo de mãozinha pro céu agradecendo ao pastor, ao bispo e ao apóstolo por não se sabe bem o que. A saber, ele está ali porque joga bola, mais do que muitos outros, e o treinador resolveu que aquela é a hora de ele substituir alguém. Não são forças metafísicas, mas bastante terrenas – ainda mais levando em conta os treinadores brasileiros -, que estão em ação.

Fico pensando que a última vez em que a gente teve um grande time foi aquele Brasil de 82, onde ninguém, onde quer que eu olhe e em especial se olhamos para Sócrates, tinha vocação pra santo.

Religião atrapalha, caros leitores?

Olhando para o futebol que acontece no Brasil de hoje, tendo a achar que sim, e não pela parte espiritual da coisa, mas pela ausência dela. Espiritual era aquele time de 70, com o Gerson fumando feito chaminé, e Rivelino dando dibre em quem passasse pela frente. Nosso futebol hoje se afasta da arte no caminho firme do artesanato, bonitinho, no máximo, e igual. Nosso futebol de hoje é parecido com as belezas que a gente vê em restaurante à beira de estrada, junto com goiabada cascão e lembranças de Itu.

Foi o pastor que deixou o pessoal assim?

Nenhuma seleção foi mais assolada por esse movimento pentecostal que assola o futebol brasileiro do que a do Dunga, com muita reza no vestiário e futebol sofrível em campo, representado em sua leveza pelo bispo Felipe Melo. A atual seleção, do Mano, não se parece com nada que eu tenha visto antes sobre a Terra, e seu único sinal reconhecível é o cabelo indescritível do Neymar. 


Na política isso equivale ao que vemos num partido como o PR, de um Garotinho, de um Magno Malta, de um Alfredo Nascimento, de um Aurélio Miguel, agora acusado de jogo pra lá de irregular aqui em São Paulo. A feiúra assume muitas formas, não é mesmo? No futebol temos isso, o que era colorido e rico, dotado de uma capacidade enorme de superar suas próprias deficiências, se torna uma indústria, onde jogadores são insumos e os patos somos nós, não os patos.

Na Copa, esse conjunto de transforma numa incrível soma que celebra não o nosso melhor, que existe e está por aí, mas o nosso pior. Vamos gastar muito, gastar mal, deixar de construir coisas essenciais para construir coisas desnecessárias, e, colocando em campo nossos andróides e sua ideologia confusa baseada em uma versão da bíblia, vamos mais uma vez dar vexame, querem apostar?

Sofremos, eu acho, um processo de uniformização, a partir de idéias simples o bastante para serem repetidas sem que representem coisa alguma. Assim, estimados leitores, se vai até a esquina, não se consegue sequer dobrar a esquina para ver o que existe de alternativa. Assim, os lemingues, aqueles ratinhos da tundra, se jogam no mar, apenas por não conseguirem pensar em alternativas.

Aqueles jogadores, mãozinha pra cima e dízimo em dia, me lembram disso, estimados leitores. Lemingues, entrando em campo e indo a lugar nenhum.
Esse zagueiro que os atormenta, que isso fique claro, é contra.

O leitor Carlos Gasparotto, de forma sensata, comentou o artigo de Marcelo Cordeiro da Cunha alertando sobre a confusão que o escritor faz com fé e religião.

"O articulista confunde fé em Deus com religião. Confunde fé, com eficiência futebolística. Todo trabalhador evangélico dá graças a Deus pelo pão de cada dia. O que tem de errado em jogadores erguerem suas mãos e voz a Deus (não ao pastor) para darem a Ele o seu louvor? Isso aí me cheira o dedinho de alguém que, por não se conformar com o crescimento evangélico, resolve criticar. Então melhor seria os jogadores caírem na gandaia e morrerem cedo demais afundados nos vícios, como Garrincha e Canhoteiro? É isso que o articulista sugere", escreveu.

E você, o que pensa?

Guiame

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