Trajetória - Surgimento da banda, acidente, o testemunho de uma mãe de fé e polêmicas com Marco Feliciano: saiba os acontecimentos que marcaram a trajetória do grupo.
Há 19 anos, uma das bandas mais marcantes da década de 90 teve seu fim em um acidente aéreo fatal na Serra da Cantareira, em São Paulo. Mamonas Assassinas teve uma curta carreira, que durou de julho de 1995 até 2 de março de 1996, pouco menos de 7 meses.
O grupo foi formado em Guarulhos, São Paulo, por cinco amigos: Dinho (vocal e violão), Bento Hinoto (guitarra e violão), Samuel Reoli (baixo), Sérgio Reoli (bateria) e Júlio Rasec (teclados e backing vocal). As letras bem-humoradas com a mistura de ritmos musicais levaram a banda ao estrelato nacional em pouco tempo.
No auge da carreira, em março de 1996, a banda entrou em um avião particular em direção à Brasília, onde fariam mais um show. Em uma falha de percurso, a aeronave chocou-se com obstáculos, e foi destruída. Todos os integrantes da banda e o piloto faleceram no local.
Testemunho da mãe de Dinho
Dinho, vocalista da banda, era filho de pai católico e mãe evangélica. Aos 6 anos, fez parte de um coral evangélico na igreja. Membro da Igreja Evangélica Assembléia de Deus, Célia Alves, mãe do Dinho contou o testemunho de seu tempo de luto após a morte do filho.
"Ouvindo a notícia do desastre, minha interrogação maior foi esta: 'Jesus, eu apresentei meu filho a Ti, na Tua casa, e Tu prometeste salvá-lo, e agora este avião caiu... Eu perdi esta batalha, Senhor?' Passei aquela noite meditando no Salmo 23: O Senhor é meu pastor; e nada me faltará."
"Eu só pensava em Jesus, e orava: Jesus, tem misericórdia de mim, ajuda-me, dá-me graça, dá-me força! E assim que o povo de Deus foi ouvindo a notícia, os joelhos começaram a dobrar-se em oração pelas famílias que tinham perdido os seus filhos. Quando eu aparecia na TV, mencionavam que eu era evangélica. E Jesus começou a confortar o meu coração, embora não fosse fácil abraçar um filho numa tarde e na outra tarde não vê-lo mais, como aconteceu."
"Faltavam três dias para que completasse 25 anos. Ele aprendeu a louvar a Deus na casa do Senhor e também frequentava a escola dominical. Aprendeu a orar e a buscar a Deus. Nunca deixou o orgulho ficar em seu coração. Eu falava que Jesus o amava, seus olhos se enchiam de lágrimas e ele me dizia que também O amava. Na passagem do ano de 1995, cumprimentou a todos, afastou-se e por mais de 40 minutos e, com as mãos erguidas, buscou ao Senhor em oração. Eu sempre falava que ele tinha um chamado de Deus para louvar o Seu nome, ao que me respondia: 'Mãe, se um dia eu tiver que ser eu vou ser.' 'Mas, meu filho, e se Deus lhe chamar pela dor?' 'Ué, mãe, Deus sabe o que vai fazer da minha vida', respondia-me."
"Quando me chegam cartas de pessoas dizendo que 'têm um recado do Dinho', não perco o meu tempo, eu as rasgo e jogo no lixo. Quando chegam fitas de 'mensagens', eu também não aceito. Eu aceito mensagens de Deus, pois Ele fala e responde as nossas orações. Satanás, porém, tenta imitar, pois vem somente para roubar, matar e destruir, mas Jesus veio ... para que tenham vida e a tenham em abundância (João 10:10).”
"Eu estou emocionada, mas não estou decepcionada com Jesus, de jeito nenhum. Ele não me decepcionou levando o meu filho. Ele só guardou para Ele o que era Dele. Eu aceitei essas palavras e essa é a minha alegria. Eu agradeço a Deus todos os dias por ter tido aquele filho, herança do Senhor."
Polêmica com Marco Feliciano
Em 8 de abril de 2013, foi publicado o vídeo polêmico de uma pregação do pastor Marco Feliciano, gravado em 2005 em Camboriú, Santa Catarina. Na pregação, Feliciano afirmou que o acidente foi provocado por Deus.
“Até hoje há uma interrogação do que aconteceu ali. Para os homens. Eu sei o que aconteceu ali. O avião estava no céu, região do ministro do juízo de Deus. Lá na Serra da Cantareira. Ao invés de mirar para um lado, o manche tocou para o outro. Um anjo pôs o dedo no manche, e Deus fulminou aqueles que tentaram colocar palavras torpes na boca das nossas crianças”, disse Feliciano durante o culto.
Segundo o pastor, Dinho deixou a comunhão na igreja por amor ao dinheiro. “Quem era o Dinho? Era da Igreja Assembleia de Deus de Guarulhos, vendeu a comunhão dele.”
“Um milhão e meio de cópias de discos vendidos. Alvo: crianças. Tocou na santidade de Deus, porque as crianças são a santidade de Deus. Jesus disse que pra entrar no céu, tem de ser como elas”, disse o pastor sobre os palavrões que as músicas da banda ensinava.
Processo e críticas
O pai de Dinho, Hildebrando Alves Leite, processou Marcos Feliciano por danos morais, em Brasília. “Não é porque ele é deputado que pode ficar falando mal dos outros. Ele (o Dinho) nem está aqui pra se defender”.
Ainda no vídeo, Feliciano conta que sua esposa estudou com a viúva do piloto do avião, Cristiane Parreira Martins, que criticou fortemente as declarações do pastor. "Quando o vídeo foi colocado na internet, nos machucou, nos feriu. Porque ele nos conhece, conhece minhas filhas, e sabia que aquela pregação infeliz e inútil nos machucaria."
"Se Deus, o Deus do Marco, queria tirar esse grupo que cantava músicas ‘inconsequentes’ - sei lá como ele chamou -, o que o meu marido tinha a ver com isso? Ele não cantava, era o piloto, estava trabalhando, com uma filha de 1 ano e uma de 3 anos em casa. A gente tem de acreditar que o mesmo Deus dele não é meu Deus", disse a viúva fazendo uma comparação com os argumentos do pastor durante a pregação.
Fonte: Guiame, com informações de Variedades Gospel, Terra e Veja
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