Cristãos deveriam colocar a fé acima de diferenças raciais e culturais, diz pastor

Em sua pregação, o pastor Tony Evans citou movimentos como o
'Black Lives Matter' ('Vidas Negras Importam') e destacou que, "toda vida
é criada à imagem de Deus. Todas as vidas importam".

Pastor Tony Evans lidera a Igreja Bíblica, com 10 mil membros, em Oak
Cliff, uma região predominantemente povoada por negros, em Dallas,
Texas. (Foto: Bible Church)
Rev. Tony Evans, pastor da Igreja Bíblica de 10.000 membros na região de 'Oak Cliff', em Dallas, Texas (EUA), disse em seu sermão do domingo passado, que "o Reino de Deus é formado por pessoas, independente da raça, cultura ou nação" e usou como exemplo, as Olimpíadas, que significam a oportunidade de algumas pessoas [atletas, no caso] representarem consigo, um país, um reino.

Com o título "Raça, Cultura e Cristo", o sermão foi visto cerca de 160.000 vezes no YouTube.

Na pregação, o pastor começou com um apelo a Deus, dizendo que as pessoas precisam dEle hoje em um "nível que é fora do comum".

"Nós precisamos do extraordinário sobrenatural agora, porque o Senhor tem permitido que fiquem claras as nossas limitações humanas. Então clamamos a Ti, Senhor, por sabedoria, conhecimento e entendimento, começando nesta casa", disse Evans.

O pastor inicialmente comparou o que precisa ocorrer na sociedade agora a o que ocorre geralmente nos Jogos Olímpicos, a cada quatro anos, quando os atletas de elite competem para ser vistos como os melhores, mas quando os medalhistas sobem ao pódio, representam um país maior, um reino maior e o as atenções não se focam mais apenas sobre eles.

"Deus tem um reino. Ele é composto de cidadãos. Alguns negros e alguns brancos, alguns pardos, amarelos, hispanos. Sua intenção nunca foi que a singularidade individual os fizesse perder de vista a bandeira que está sobre eles: a bandeira da cruz", disse Evans.

Em meio a movimentos de combate ao racismo, como o 'Black Lives Matter' ('Vidas Negras Importam'), conflitos entre negros, brancos e até mesmo ataques contra policiais têm tomado conta das manchetes em todo o território dos Estados Unidos. Porém o pastor destacou que, independente de raça ou cor, todas as vidas foram criadas por Deus.

"Temos vozes sobre quais vida importam. Toda vida é criada à imagem de Deus. Todas as vidas importam", disse o pastor.

"No entanto, sob a bandeira de que Deus criou todas as pessoas à sua imagem, há desigualdades que precisam ser abordadas. Por exemplo, as vidas daqueles que ainda não nasceram e a injustiça ocorrida no útero [aborto]. Mas essa injustiça do útero deve estar sob o guarda-chuva de que todas as questões da vida importam. Vidas Negras importam, como um subconjunto de todas as outras vidas, que também importam. Assim, quaisquer injustiças contra um determinado grupo devem ser abordadas especificamente, mas também sob a bandeira de que todas as vidas são criadas à imagem de Deus", acrescentou.

Após a morte de cinco policiais, assassinados por um ativista
negro, movimentos de pacificação começaram a surgir nos
Estados Unidos, promovendo momentos marcantes de união
entre brancos e negros. (Foto: BBC)
Contexto

Evans acredita que uma vez que se extrai qualquer cenário específico e o remove desse contexto geral da criação de Deus, as pessoas podem criar a sua própria causa independente.

"Não há discussão de sociologia que, pelo menos de um ponto de vista cristão, não deva ser conectado a teologia, que é a visão dele de Deus", disse ele.

"Deus não está pedindo a qualquer um de nós que abandone a forma como Ele nos fez. Ele não está esperando que usemos os nossos relacionamentos de forma inadequada para com as pessoas que Ele fez diferentes de nós", disse Evans.

O pastor disse que é tecnicamente incorreto que alguém se denomine um "negro cristão", um "branco cristão", ou um "latino-americano cristão".

"Então você faz da sua cor ou cultura, um adjetivo. O trabalho do adjetivo é modificar o substantivo. Se você colocar o cristianismo na posição de substantivo e sua cor ou a cultura na posição de adjetivo, você tem que moldar o substantivo com base no que o adjetivo que descreve. Portanto, se a cor da sua pele entra na posição de adjetivo, você tende a moldar o cristianismo conforme essas cores - negros, brancos ou pardos", disse ele.

Evans disse que os humanos estão operando em padrões ilegítimos, que não estão enraizados em Deus, mas sim enraizados na cultura, na história, no plano de fundo.

"Tudo isso pode estar realmente acontecendo, mas a pergunta que devemos fazer é: Isso é verdade? Você pode ter os fatos diante de você, mas não exatamente a verdade. A verdade é um padrão objetivo pelo qual a realidade é medida, é ponto de vista de Deus sobre qualquer assunto. Se a maneira como você foi criado não está de acordo com o que Deus diz, então você foi criado errado! ", alertou.

"Se nossos púlpitos estivessem certos, isso teria resolvido o problema do racismo há muito tempo. Tudo isso já teria sido resolvido", disse Evans.

"Mas, por causa dos púlpitos 'anêmicos', que autorizaram que o mal tivesse cada vez mais espaço na América, estamos ainda lutando contra este o mal hoje! Porque os púlpitos estavam em silêncio biblicamente sobre esta questão, mantiveram uma ideologia destinada a manifestar o que estava em contraste com a teologia bíblica! Mas isso também explica por que o movimento dos direitos civis foi capaz de mudá-lo: porque a igreja deixou de voltar sua atenção a ele".

"A verdade substitui a tradição. A verdade substitui a cor", destacou o pastor.

"Você deve ser cristão em primeiro lugar. Se conseguíssemos fazer com que o fato de ser cristão fosse o suficientes para ser cristão antes de ser branco, ser cristão antes de ser negro, ser cristão antes de ser hispano, não levaríamos 240 anos para corrigir isso. Na verdade, isso demora cerca de dois minutos e 40 segundos", disse Evans.


Fonte: GuiaMe

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