Pais impedem ideologia de gênero nas escolas

Ação gera críticas de educadores, mas livra crianças de conteúdos indesejados
A polêmica da abordagem escolar de temas relacionados a gêneros – conhecida popularmente por seus críticos como “ideologia de gênero” – envolve pais, educadores, e o sistema legislativo.

O Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional recebem ações e projetos por pais que reclamam do material didático entregue aos seus filhos, estudantes, para uso em seus anos letivos.

Em reportagem publicada pelo jornal O Globo (RJ), foi destacada a ação de pais de crianças de uma escola privada no ensino fundamental da capital carioca contra o uso de um livro literário o qual não se agradaram da história da protagonista, que se disfarça de homem para conseguir um emprego.

“Não é que sejamos contrários a temas sobre sexualidade, mas tudo no seu tempo. Uma história que fala de criança abandonada, depois homem com homem, não pode ser algo adequado para alunos do 2º ano”, disse Gizeli Nicoski, mãe de dois filhos.

O diretor Gilberto Fernandes Costa encontrou a saída na troca de livros literários por títulos que fossem do agrado dos pais. Ele comentou a situação pela qual a instituição passou:

“Se é possível trocar sem prejuízos pedagógicos, a gente troca. As famílias têm todo o direito de questionar e cabe à escola mostrar aos pais as razões da abordagem dos assuntos”, concluiu.

Outro caso é do livro A Família de Sara, vetado em uma escola católica de Brasília. Na obra, que conta a história de uma filha sem pai, criada somente pela mãe, contém trecho que cita que “é possível ter duas mães ou dois pais, ou ter mãe e padrasto e pai e madrasta”.

Flaviane Leite, mãe de um aluno da escola, discordou da ação dos pais. “Eu li o livro com meu filho. No fim, de maneira bem leve, ele citava que era possível ter outras formas de família. Nada demais. A própria autora do livro contou a história dela: a família era ela e a filha adotada, que era negra”.

Gisele Gama, a autora do livro, diz que foi perseguida por um pai de aluno por conta do livro e classificou a situação como preconceito. “Esse pai colocava na internet meu livro com um carimbo ideologia de gênero.”, afirma.

“É tremendamente lamentável, mas mostra o preconceito que existe. O pior é a escola retirar o livro. Nenhuma criança pode ser menos por causa da família que tem. E o livro só conta a história real da minha família”.

Representante do Escola Sem Partido, Miguel Nagib diz que o movimento é mais atento a questões familiares. “Não pode haver na sala de aula uma revelação divina, uma verdade dogmática. Se os pais dizem para o filho o que é o certo, a escola não pode dizer o contrário. Os pais são os responsáveis”.

Fernando Penna, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), comentou a polêmica em torno do tema. “A ideologia de gênero é um termo cunhado para desqualificar o debate sobre as desigualdades, sobre os papeis sociais, e pregar que o objetivo real é a erotização infantil, a transformação de jovens em gays e lésbicas ou o combate à família tradicional”, disse.

GospelPrime

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