Remando contra a maré em uma Canoa furada

Certa ocasião, fomos pescar na Baía de Guanabara, novato na profissão eu e meu cunhado partimos para uma aventura que prometia. Tivemos todo o cuidado de pesquisar sobre a meteorologia ventos e lua, apostando que pegaríamos algum peixe.


Saímos de casa esperançosos por um dia prospero na pescaria. Ao chegarmos no local onde aluga-se '‘barcos’' não tínhamos muita opção para aluguel, foi nos dado um barco[canoa] pintado de preto e vermelho, escrito em sua lateral: flamengo. Até me animei por ser flamenguista, mas aquela aventura não terminaria bem. 

Para completar quem nos alugou o bendito barco, digo [canoa] kkk ainda nos disponibilizou os remos diferentes, ou seja, um maior que o outro e ainda de sobra a canoa estava furada. Motivos de sobra para qualquer um desistir... , mas não foi isso que ocorreu conosco.


Colocamos nosso isopor no barquinho pegamos um amarrado de corda e uma âncora feita com vergalhões e concreto. Logo ao entrar no abençoado barco, levei um escorregão e quase caí antes de remarmos para a pescaria. Havia muito lodo e bastante água no interior da canoa, também havia uma garrafa pet cortada para retirar a água que entraria. Sem “medos” partimos do cais. 

O dono do barco fez uma pergunta que foi prontamente respondida pelo capitão da missão [ meu cunhado]. Perguntou ele: vocês já pescaram aqui nesta Baía? Prontamente meu cunhado respondeu: Sim! Mais uma vez o rapaz perguntou: Vocês sabem remar? Meu cunhado respondeu novamente: Sim, sabemos!

Só em sentarmos no barquinho o moço gritou: Vocês estão sentados no local errado! Ambos devem sentar-se na traseira da embarcação com as costas viradas para frente do barco... KKKK, logo nos ajeitamos e respondemos pra ele: Já íamos sentar deste jeito. 

E lá vamos nós dois no barquinho flamenguista de Baía afora. Eu não entendia porque a canoa sempre queria ir pro lado, por mais que remássemos com força a canoa queria fazer a curva e voltar pro cais.

Depois de algum tempo percebemos que tínhamos um remo maior que o outro, grande foi nossas risadas. Os primeiros 500 metros foi uma benção, pois também não sabíamos que estávamos remando a favor da maré. 

Nossa canoa literalmente foi arrastada pela correnteza da maré de baía pra fora mar aberto. Eu estava todo animado, pois cada remada que dávamos a canoa corria muito, pensava eu: Puxa aprendi rápido a remar, que maravilha!!!!

Chegamos ao local escolhido pelo capitão [meu cunhado] entre a praia de Gragoatá em Niterói e o Aeroporto Santos Dumont no Rio de Janeiro. Lançamos a nossa âncora e, devido aquele local ser muito profundo, que também não sabíamos, percebemos o porque de tanta corda amarrada naquela âncora dentro daquele barquinho. 

Ficamos com os olhos arregalados quando toda aquela corda ia sendo desenrolada levando pro fundo aquela âncora. Após estacionarmos a canoa, partimos finalmente para pescaria, meu capitão me deu uma vara de pesca e ficou com a outra. Ficamos horas sem pegar nada, absolutamente nada.

Os rebocadores passavam por nós e as pessoas que neles estavam ficavam rindo, pois com certeza naquela canoa havia dois amadores, tava na cara. Passamos horas jogando a linha e nada de peixe, como a correnteza estava muito forte, jogávamos a linha muito distante e quando percebíamos alinha passava por baixo da canoa. 

Depois de horas tentando pegar algum peixe, pegamos um baiacu e um peixe voador. Ufa! Em fim alguma coisa além de lixo veio em nosso anzol. Resolvemos então zarpar dali.

Aí meus amigos, começou a nossa aflição, pois além da forte correnteza que nos arrastava pra fora da Baía de Guanabara, cansaço, insolação e um remo maior que o outro, foi terrível retornar ao cais onde alugamos a tal canoa. Recolhemos a âncora puxamos toda aquela corda e antes de recolher tudo a nossa canoa já tinha sido levada pra longe. 

Tentamos remar, parecia que o troço nem saia do lugar, um tinha que orientar o outro, pois que rema fica de costas e não sabe a direção que a canoa ia devido os remos de tamanhos desproporcionais. 

Câimbras, dor nas pernas e nos braços, de cinco em cinco minutos revezávamos as remadas. Quanto mais remávamos mais o barco parado ficava. Comecei entrar em pânico, pois estávamos um pouco longe da costa. Pra completar meu cunhado [capitão] olha pra mim, e diz: Você sabe nadar né? Eu falei: Olha no caso de emergência eu sei, mas estamos longe da praia... Comecei a rir, sabia do perigo, mas não me controlava.

Mais uma vez rebocadores e barcos de pescas motorizados passavam bem do nosso lado, fazendo aquelas marolas, parecia que a água ia inundar de vez nossa canoa. 

Aqueles que estavam nos rebocadores acenavam com suas mãos e diziam tudo bem? Respondíamos nós: Sim! Que nada a vergonha de pedir ajuda era maior que o pânico que eu sentia naquele momento. Tivemos uma idéia após esgotar quase todas as nossas forças: vamos remar de lado transversal a correnteza, vamos tentar sair fora. 

Por mais obvio que pareça essa era a única forma de sair do lugar. Passamos a vida inteira ouvindo, sobre a dificuldade de remar contra a maré, e quando chega uma hora que precisamos colocar em prática as lições de nossas vidas, tentamos fazer o mais e complicado caminho.

Costeando e fugindo aos poucos da correnteza chegamos depois de horas ao cais. Saldo de nossa aventura: insolação, dores pelo corpo e, o mais importante, NADA DE PEIXE... 

Parece engraçado essa história, mais aprendi muito com ela... Tirei algumas lições de vida com essa aventura. Lições tanto espirituais como pra minha vida cotidiana 

Fato verídico. Por Josiel Dias

Um comentário:

  1. Deus é fiel.....assim me encontro nesta hora remando avidamente contra a maré , recebendo do Pai a força e a sabedoria ....amém meu Deus querido , glórias sejam dadas a ti meu Rei Jesus !!

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