Há exatamente um ano, homens do Boko Haram invadiam uma escola em Chibok, na Nigéria: 276 estudantes foram levadas, e, 365 dias depois, 219 ainda estão desaparecidas.
O ataque ocorreu no meio da noite, e foi minimizado pelo governo da Nigéria, que dizia ser apenas uma "chantagem" do grupo extremista. Três semanas depois, o grupo assumiu o sequestro.
Desde 2009 o Boko Haram tenta estabelecer um estado islâmico fundamentalista no nordeste do país, e empreende seus ataques principalmente contra alvos civis, sejam eles cristãos ou muçulmanos - mais de 4.000 pessoas foram mortas em 2014, centenas de vilas foram invadidas e mais de um milhão de nigerianos foram forçados a deixarem suas casas. A Anistia Internacional estimaque o grupo conte hoje com cerca de 15 mil combatentes.
De acordo com um relatório divulgado nesta terça-feira (14), pelo menos 2.000 meninas foram sequestradas pelo grupo desde o início do ano passado.
As jovens sofrem abusos sexuais frequentes e são treinadas para o combate, algumas vezes em suas próprias cidades.
Aisha, uma jovem de 19 anos, contou à Anistia que foi sequestrada enquanto acompanhava o casamento de uma amiga, em setembro de 2014. Também foram levadas sua irmã, a noiva e a irmã da noiva.
Elas foram estupradas por grupos de até seis homens e se casaram com combatentes. Sua irmã foi morta, mas ela conseguiu escapar.
Segundo a BBC, está marcada para esta terça uma procissão em Abuja, capital da Nigéria. Cada menina desaparecida será representada por uma jovem. Em Paris, a ex-primeira-dama Valerie Trierweiler compareceu a um pequeno protesto em frente à Torre Eiffel.
Segundo informações da Anistia, as estudantes sequestradas em Chibok foramseparadas em três ou quatro grupos, levados para diferentes campos do Boko Haram.
Do total de 219 estudantes que permanecem desaparecidas, algumas estariam na selva de Sambisa, no Estado de Borno, outras nas imediações do Lago Chade e na serra entre Nigéria e Camarões, e cerca de 70 no território do Chade.
O sequestro das jovens chamou a atenção da comunidade internacional através da hashtag #BringBackOurGirls, encampada por personalidades como a primeira-dama dos EUA, Michelle Obama, e pela jovem ativista Malala Yousafzai – que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2014.
Malala, que sobreviveu a um atentado do Taliban, divulgou uma carta aberta às jovens nesta segunda-feira (13). “Como vocês, eu fui alvo de militantes que não queriam que as meninas fossem à escola”.
“Hoje e todos os dias nós pedimos que as autoridades nigerianas e a comunidade internacional façam mais para trazê-las para casa. Nós não iremos descansar enquanto vocês não estejam reunidas com suas famílias.”
Brasil Post/BBC
Nenhum comentário:
Postar um comentário