Entre Sodoma e Jerusalém, novela das nove precisa se achar como "Babilônia"

Tal como no futebol as análises sobre os desempenhos dos times ficam diretamente atreladas aos resultados, mesmo que eles muitas vezes subvertam qualquer lógica em relação ao que é mostrado em campo, na TV também há uma diferença entre simplesmente observar o que vai ao ar e fazer essa mesma observação tendo conhecimento dos números de audiência.

Hoje, qualquer pessoa facilmente tem acesso diário aos dados consolidados e uma boa gama de crítica para os analisar. Dentro das emissoras, então, nem se fala. 

É por isso que desde que “Babilônia” deu seus primeiros sinais de fragilidade, começou uma caça às bruxas para reverter a crise que vai atravessar a principal faixa global em plena semana do seu cinquentenário.

O perigo é que simplesmente fazer ao contrário do que dá errado nem sempre é o certo. E essa parece ser a situação instalada nos rumos da trama.

Após o começo envolvendo cenas diretas de prostituição e sexo casual, que em muito poderia lembrar as práticas de Sodoma, que ao lado de Gomorra é biblicamente relacionada com tais imoralidades, principalmente as de cunho sexual, a novela caminha para virar uma Terra Santa.

Os dois principais eixos nos capítulos mais recentes vem sendo os apaixonados casais Rafael (Chay Suede) e Laís (Luísa Arraes) e Regina (Camila Pitanga) e Vinícius (Thiago Fragoso). Ambos sem nenhum conflito, mas sim unidos contra uma inimiga externa que tenta a todo custo acabar com a relação. 

Ou seja, só para não fugir das comparações bíblicas, “Babilônia” fez ao contrário do milagre e mudou do vinho para água. 

Talvez mais água com açúcar até que algumas tramas das 18h. O que não seria um absurdo, desde que não tivesse começado num ritmo de 23h.

Ainda é cedo para analisar o efeito dos ajustes, mas essa mudança radical não parece ter atraído uma nova plateia. Só que possivelmente o novo extremo também será revertido.

Afinal, “Babilônia” precisa fazer jus ao local que lançou esse nome para a posterioridade e se firmar como um grande império (sem trocadilho com a sua antecessora), com cara, jeito e audiência de novela das 21h.

No NaTelinha, o colunista Lucas Félix mostra um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.

Ele também edita o http://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

Natelinha

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