Moradores "fogem” de Santos após boatos de explosão

Autoridades dizem que incêndio está sob controle e que não há motivo para pânico; vizinhos do local também relatam problemas de saúde causados pela fumaça.

Os boatos começaram a circular nas redes sociais e a chegar por celular na sexta-feira, um dia após o início do incêndio que atingiu tanques de combustíveis em um parque industrial de Santos, no litoral de São Paulo. 

As mensagens traziam alertas de que os moradores vizinhos ao parque (raio de 8 km) deveriam deixar suas casas devido aos riscos de explosão dos tanques e chegavam a anunciar que a população seria resgatada de helicóptero.

“Saí de casa no sábado e fui para a casa de uma prima, em São Vicente ( também no litoral ). Minha filha recebeu mensagens pelo celular. Por precaução, achei melhor sair com calma. 

Minha mãe é hipertensa, ia ser complicado se a gente tivesse que sair na correria”, conta a comerciante Elizabete Lúcia Veronezi, 50 anos, que mora no Jardim Piratininga, vizinho ao incêndio. Além da mãe, “fugiram” com ela o marido, a filha de 16 anos e a cachorra de estimação.

O incêndio, que começou na manhã da última quinta-feira, já atingiu seis tanques de álcool e gasolina da empresa Ultracargo, dos quais dois permanecem em chamas nesta terça-feira, seis dias após o início da ocorrência. 

Com quase 200 bombeiros trabalhando no local, as autoridades afirmam que a situação está sob controle e negam qualquer medida de evacuação da região. 

A Prefeitura de Santos informou que a Polícia Civil já está investigando a origem dos boatos e que os responsáveis pelo envio das mensagens serão punidos. 

O gerente Evandilson Andrade, 34 anos, conta que chegou a pensar em deixar sua casa, mas desistiu depois que funcionários da prefeitura visitaram o bairro na tentativa de tranquilizar os moradores. 

“A gente fica com medo por causa das crianças. Tenho três filhos. Pensamos em correr para a casa do meu sogro, mas acabamos desistindo. Vi muito boato na internet”, diz.

Embora admita que tenha ficado “assustada”, a dona de casa Maria José Trindade, 60 anos, diz que confia no trabalho dos bombeiros. “Estava com medo, mas agora acredito que vai dar tudo certo. 

A gente fica preocupada, nervosa. Eu fiquei e ainda estou. Mas se Deus quiser tudo vai se resolver. A gente tem confiança nos homens que estão trabalhando lá.” 

Fumaça 
Além do pânico, o incêndio nos tanques causa uma nuvem de fumaça preta que tem trazido problemas de saúde aos vizinhos. A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) do Estado afirma as estações de monitoramento da qualidade do ar em Santos não detectaram aumento significativo na concentração de poluentes no município, mas as estações estão localizadas em um raio de seis a dez quilômetros do local do incêndio. 

“Tenho dores de cabeça e de garganta. A garganta está áspera e ardendo, pegando fogo. Meu neto está com tosse. É esse cheiro de álcool queimado. Acho que toda fumaça é tóxica. 

Se não fosse, ninguém falaria para a gente parar de fumar, não é?”, questiona a comerciante Zélia das Dores, 59 anos, proprietária de um bar no Jardim Piratininga. 

"Minha esposa tem problema respiratório e já está perdendo a voz. Ela recebeu um pessoal da prefeitura aqui em casa, disseram que não tinha risco nenhum de explosão, mas, sobre a poluição, ninguém falou nada", disse Evandilson Andrade.

Terra

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